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Sinopse

No dia de seu aniversário de 27 anos, um famoso cantor punk é jogado de uma janela. Paula grava tudo com seu celular, sem saber que esta é a chave para o crime. O detetive Martín se une a Paula para descobrir a conspiração que ronda as mortes de músicos aos 27 anos.

Crítica

A ideia é ótima. Um dos maiores folclores da história da música é a morte de grandes artistas aos 27 anos de idade. Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e Amy Winehouse. Todos músicos que nos deixaram em tenra idade, vítimas de overdoses ou suicídios. Mas, e se algo mais unisse tais figuras? Se as mortes não fossem acidentais, mas planejadas por um perigoso homem? Imaginando tal cenário e utilizando algumas dessas figuras famosas, o cineasta argentino Nicanor Loretti (do ótimo Kryptonita, 2015) concebe 27: O Clube dos Malditos, uma história nonsense que coloca o policial sem noção Martín Lombardo (Diego Capusotto) na pista de uma conspiração. Como dito, a ideia é ótima. Algo faltou, no entanto, na sua execução para que ela rendesse algo memorável, como o longa-metragem anterior do realizador.

Na trama, Paula (Sofía Gala) testemunha com a câmera de seu celular o músico punk Leandro de La Torre (El Polaco) sendo jogado do último andar de um prédio na festa de seus 27 anos. O vídeo cai no conhecimento dos responsáveis pelo crime, o que a deixa em franco perigo. Por sorte, o policial Lombardo é bom de mira e consegue livrá-la das piores situações com seu confiável revólver e uma atitude tresloucada. Mal eles sabem que esse é apenas o início de uma aventura que os coloca em contato com grandes nomes da música.

Na trama, alguns flashbacks dão conta do que aconteceu com Jim Morrison, Janis Joplin e Sid Vicious, em trechos interessantes por sua concepção, embora não demonstrem muito cuidado com a premissa. Vicious, por exemplo, morreu aos 21. Joe Strummer, do Clash, aos 50. Algumas incongruências incomodam, mas não seriam tão preocupantes caso Loretti decidisse o que filme está fazendo. O longa começa aparentemente sério, mas lá pelas tantas, se perde em gracinhas que nos levam a crer que estamos assistindo a uma comédia. Misturar gêneros não é um problema, desde que não soe que tudo está sendo feito no improviso. Capusotto parece estar em um filme diferente do que o seu antagonista, vivido por Daniel Araóz, por exemplo. O longa não tem liga. São alguns bons segmentos que não parecem conversar entre si, em tom. E isso, sim, é uma enorme questão, que influencia totalmente no resultado.

Nicanor Loretti tem provado que adora cultura pop e gosta de se apropriar dela para construir seus trabalhos. No caso de Kryptonita, sua versão de Liga da Justiça, dá certo por se mostrar algo que, embora derivado de uma criação norte-americana, tinha voz própria. Em 27: O Clube dos Malditos esta magia não se repete. Temos alguns bons momentos – é divertido ver Capusotto se transformar num policial badass, um Bruce Willis argentino, se preferirem – mas o todo fica muito aquém das expectativas e da premissa. Se algo funciona, no entanto, é a forma como trazem de volta os músicos. Willy Toledo é incrivelmente parecido com uma versão mais velha de Jim Morrison – tanto que nem é necessário o personagem falar seu nome para que saibamos de quem se trata. Isso é pouco, no entanto, para fazer valer uma sessão deste trabalho confuso em seus objetivos. Pode divertir em alguns momentos, mas não tem o brilho de filmes pretéritos de Loretti.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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