Crítica


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4 votos 7.6

Onde Assistir

Sinopse

Instalado em Las Vegas, Blofeld comanda uma extensa rede de contrabando de diamantes. Com essas pedras preciosas valiosíssimas ele quer construir um aparelho infernal, de raio laser, o que pode ameaçar a paz mundial.

Crítica

Lançado em 1971, 007: Os Diamantes são Eternos reflete um momento em que os avanços técnicos davam passos largos em direção à era da tecnologia da informação. Nesta aventura, Bond (Sean Connery) reencontra seu inimigo Ernst Blofeld (Charles Gray), líder da organização SPECTRE que ameaça o mundo com uma arma nuclear espacial cujos componentes principais são dezenas de diamantes roubados. Entretanto, a sedução pela técnica extrapola o próprio tema do filme, derrotando a sensibilidade cinematográfica já no desenvolvimento do argumento. O resultado é um longa-metragem problemático com falhas estruturais importantes, no qual as cenas de ação são os únicos pontos altos.

Tecnologia e velhos arroubos de dominação mundial ecoam fortemente em um roteiro incapaz de desenrolar uma trama internacional sobre os mercados de armas e de pedras preciosas que unem Inglaterra, África do Sul, Holanda e Estados Unidos. O argumento mal resolvido e pouco trabalhado também desliza ao não apresentar de forma adequada nem os principais personagens nem suas motivações. Além disso, a montagem lacônica, pouco explicativa e com erros de continuidade não consegue apoiar o enredo raquítico, funcionando apenas nas sequencias de ação. Já a direção negligente de Guy Hamilton, responsável por 007 contra Goldfinger (1964), mostra-se inábil em superar com o mínimo de autoria os principais problemas do longa.

O alto interesse pela técnica reflete-se também na forma do filme que, se por um lado, ajuda a maquiar o roteiro fraco, por outro, confere alguma tensão à pouco coesa missão do agente. Ao valorizar locações, fotografia e filmagem Hamilton comete boas sequencias de ação, incluindo uma luta realista dentro de um elevador, explosões em plataforma marítima, pegas motorizados no deserto (atenção ao cômico carrinho lunar...) e também uma perseguição de carros bem coreografada pelas ruas de Las Vegas. São em geral cenas bastante absurdas, com elementos que beiram o ridículo, mas que em um filme desconexo acabam surpreendendo pela boa execução.

A testosterona fílmica se reflete diretamente em Bond, para o bem e para o mal. Ágil, cerebral e efetivo, mas por vezes arrogante e violento sem a devida necessidade, 007 entra em esperados combates corporais contra inimigos, mas também senta a mão na Bond Girl Tiffany Case (Jill St. John) sem a menor cerimônia. A personagem pateta, do tipo que não sabe o que se passa à sua volta, leva um tapa vergonhoso ao ousar criticar os métodos do agente britânico. Além disso, a misoginia vem acompanhada de racismo quando é exibida uma cena bizarra filmada em um circo no qual uma africana “transforma-se” em “mulher-gorila” para uma plateia de crianças. O momento moralmente agressivo e absolutamente desnecessário, cuja sequência não faz a menor diferença para a história do longa, encontrou nos cinemas um público possivelmente amaciado pelo exploitation sessentista, mas efetivamente abalado pelo assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968. O fato do trecho ter entrado no corte final é no mínimo curioso.

Os anos 1970 estavam definitivamente longe da conduta politicamente correta e castradora comum aos nossos dias, mas nem o distanciamento provocado pelo momento histórico-cultural nem o resto do charme quase nulo de um Connery desconfortável em cena conseguem aliviar a barra pesada deste Bond safra 71. No papel desde 007 contra o Satânico Dr. No (1962), passando por Moscou contra 007 (1963), 007 contra Goldfinger (1964), 007 contra a Chantagem Atômica (1965) e Com 007 só se Vive Duas Vezes (1967), Connery fecha sem brilho sua participação na franquia oficial de Bond.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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Grade crítica

CríticoNota
Danilo Fantinel
4
Chico Fireman
7
MÉDIA
5.5

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