“Da forma como chega à tela, propositalmente cru, tal um projétil que se estilhaça em direção ao alvo e, assim, causa mais danos, Copacabana Madureira cumpre a função de deflagrar o estrago enorme proporcionado pelas fake news, algo infeliz e absolutamente contemporâneo. Em meio a colagens e justaposições, o realizador encena a famigerada “mamadeira de piroca” sendo apresentada a uma atriz, por exemplo. Ela faz às vezes de “cidadã de bem”, a julgar pelo horror ao receber a informação estapafúrdia via celular e, prontamente, nela acreditar. É fácil reconhecer o discurso absurdo dos anacrônicos, sobretudo os que adoram tachar o que lhes opõe de levante comunista. O filme toma uma posição e a defende (…) O filme vai construindo um discurso indignado, inclusive em certo momento, ainda que brevemente, voltando-se na direção de determinada oposição esquerdista que acredita piamente na efetividade de uma resistência somente por meio de meras hashtags. Há dramatizações pontuais de gente recebendo lorotas no celular, no que pode ser compreendido como reconstituição de um crime eleitoral que passou relativamente batido por nossas autoridades dispostas a fazer vista grossa. Num todo tão incisivo e corajoso, até mesmo o arroubo cômico vem carregado de iconoclastia”.
:: Confira na íntegra a crítica de Marcelo Müller ::
Últimos artigos deMarcelo Müller (Ver Tudo)
- Saga :: Terrifier - 11 de dezembro de 2024
- Senna :: Cenas em CGI dos GPs de Mônaco rendem elogios ao Estúdio Miagui - 11 de dezembro de 2024
- Round 6 :: Segunda temporada ganha trailer e pôster oficiais - 11 de dezembro de 2024