20ª MOSTRA DE TIRADENTES (20 e 28 de janeiro) – Júri Popular
Após ter sido premiado pelo júri popular como melhor curta do 49ª Festival de Brasília, em 2016, este documentário dos diretores e roteiristas Marco Escrivão e Thiago B. Mendonça iniciou a temporada cinematográfica de 2017 já levando um dos principais prêmios da Mostra de Tiradentes, no interior de Minas Gerais, evento que abre o calendário de festivais no país e é reconhecido cada vez mais como palco de lançamento dos nossos novos talentos. Aqui, eles deixam de lado experimentações estéticas – como as que marcaram o primeiro longa da dupla, Jovens Infelizes ou Um Homem que Grita não é um Urso que Dança (2016) – para realizar um trabalho bem convencional, mas nunca mais pertinente ou necessário. O foco de suas atenções está em uma injustiça histórica: o reconhecimento mais do que merecido à atleta Irenice Maria Rodrigues, da pequena cidade mineira de Itabiritu, que foi para o Rio de Janeiro e, após quebrar recordes nas pistas de corridas de 400m e 800m, chegou a ser convocada para as Olímpiadas de 1968, no México. Porém, pelo seu espírito indômito, por ser mulher, negra, e por estarmos no auge da Ditadura Militar, às vésperas da instauração do AI-5, ela não só foi impedida de competir, mandada de volta para casa e, perseguida, terminou por encerrar sua carreira precocemente. Praticamente apagada dos registros oficiais, tem-se, enfim, um documento à altura da sua importância, que merece – e deve – ser reconhecido.
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