6° CURTA BRASÍLIA (14 a 17 de dezembro)
Após o perturbador drama ficcional O Filho Pródigo (2014), premiado no Cine PE, e o emocionante e pessoal documentário Aqueles Anos em Dezembro (2016), indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o jovem e talentoso Felipe Poroger combina esses dois formatos narrativos em um filme que parece fantasia, mas fala diretamente com os dias de hoje. A partir de filmagens registradas em manifestações de protesto em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo e usando como ponto de partida manifestações preconceituosas e retrógradas do auto-intitulado pastor Silas Malafaia, cria-se a história de uma criança (Antonio Haddad, que já havia demonstrado domínio de situações complicadas em Guigo Offline, 2016) que não só é tratada como adulta, mas também enfrenta o peso de um mundo que insiste em lhe virar as costas. Logo no começo, é demitida de seu emprego, para logo em seguida ser mandada embora de casa pelos próprios pais. Mais adiante, perde o contato com os amigos, e até debaixo de um viaduto não encontra espaço para se abrigar. Um elenco de peso – nomes como Marat Descartes, Camila Márdila e Vinícius de Oliveira, entre outros, marcam presença – estão ao seu lado para deixar claro o apoio a uma narrativa que brinca com o óbvio, sem ser didática, e muito menos irrelevante. O herói Capitão Brasil é quase um Capitão Nascimento às avessas, que precisa encontrar seu rumo, origem e motivações. Nesse meio tempo, quantos ainda terão que pagar o preço? Somente quem viver, como diz o velho ditado, é que verá.
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