Mais que uma comédia dramática sobre jovens perdidos e um tanto sem futuro, iguais a diversas outras que volta e meia surgem nas telas, este longa dirigido por Cameron Crowe se tornou, muito possivelmente, a maior obra de culto de sua filmografia – e também de toda uma geração. Típica produção que entrou em cartaz sem muito alarde, mas acabou sendo descoberta com o passar dos anos, este filme não possui um enredo de início ao fim nos moldes tradicionais, limitando-se a contar uma história qualquer. Seu foco maior está nos personagens, um grupo de adultos que ainda não descobriram como lidar com a maturidade recém-adquirida, ao mesmo tempo em que seguem ligados ao comportamento rebelde e inconformado da adolescência. Eles são livres, usam cabelos compridos, debatem-se em suas tentativas de lidar com os primeiros compromissos profissionais, beijam muito, transam quando e com quem tem vontade e, acima de tudo, ouvem muita música. Soundgarden, Pearl Jam e Mudhoney são algumas das bandas que definiram o jeito “grunge” de ser, comportamento e atitude que ganhou aqui sua representação definitiva nas telas. Mais que qualquer outro no elenco, Matt Dillon e sua postura eternamente cult derrubou o coração de milhares no mundo inteiro – muitos querendo tê-lo, outros tantos imaginando-se como ele. Eles podem estar sozinhos, mas nunca solitários – e essa busca por algo mais da vida poucas vezes encontrou tamanha ressonância como aqui.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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