“Ad Astra: Rumo às Estrelas é movido pelo diálogo interno de Roy, uma espécie de diário/confissão em off, no qual discorre sobre as saudades do pai que embarcou numa viagem rumo a Netuno e nunca mais voltou, sobre seu sentimento de não-pertencimento a lugar algum, e sobre a vontade ambígua de encontrar e nunca encontrar o pai. Ironicamente, esta grande produção atravessando vários planetas se resume à jornada simbólica de um filho para recuperar seu pai, apesar das nações, da tecnologia, da religião, do sentido de honra dos militares. É notável a escolha da narrativa em desprezar todas as grandes instituições para satisfazer os conflitos psicológicos de um único homem que ao mesmo tempo ama e odeia o pai, enxergando nele um modelo (profissional) e um anti-modelo (afetivo), uma figura que precisa, metaforicamente, eliminar para construir a si mesmo. Brad Pitt está excepcional no papel. Para o ator acostumado a tantos personagens extrovertidos, de homens exageradamente belos, engraçados, temidos, fortes – enfim, após tantos papéis heroicos -, faltava se tornar o protagonista de uma gigantesca aventura íntima, uma jornada interestelar que parece ocorrer apenas dentro da sua cabeça, como se ninguém mais a percebesse. Ironicamente, Roy consegue efetuar parte considerável de sua jornada em segredo”.

:: Confira na íntegra a crítica de Bruno Carmelo ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deBruno Carmelo (Ver Tudo)