“Parafraseando o que a ex-presidenta Dilma Rousseff diz em Torre das Donzelas, a prisão é opressora porque isola física e emocionalmente, embaralhando as relações do indivíduo com espaço e tempo. A cineasta Susanna Lira faz desse documentário uma necessária recuperação de narrativas ameaçadas de esquecimento no decurso histórico, já que fatos têm sido questionados pelos partidários da Ditadura Civil-militar que vigorou no Brasil por 21 anos. O título do longa faz alusão ao apelido dado a determinado pavilhão do presídio de Tiradentes, em São Paulo, ao qual foram levadas mulheres de alguma forma envolvidas nos ímpetos de resistência ao autoritarismo militar que simbolizava/alimentava o poder de modo tirano. A primeira operação, para além do simples colhimento dos depoimentos, é o oferecimento de um dispositivo para reconectar as sobreviventes com resquícios da época. A emulação do cenário surge como um artifício excepcional e certeiro (…) O filme sublinha a brutalidade com a qual as encarceradas foram tratadas até aquele instante, porém sem recorrer ao sensacionalismo, evitando as aproximações invasivas. Além de toda essa estrutura narrativa permeada pela manifestada vontade de possibilitar uma preservação sem a evasão dos limites da intimidade, o filme vai costurando engenhosamente os fragmentos dispostos por cada uma das testemunhas desse período nefasto/obscuro do Brasil”.
:: Confira na íntegra a crítica de Marcelo Müller ::
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