Um conto de formação com espírito punk. Essa seria a melhor definição para este longa do cineasta Lukas Moodysson, cuja trama acompanha o cotidiano de três amigas de 13 anos de idade que, entre os dias de monotonia fora da escola na Suécia do início dos anos 80, resolvem formar uma banda de rock. Num registro leve e aparentemente despretensioso, Moodysson utiliza o gênero que revolucionou o meio musical na década de 70 como o fio condutor para tratar dos dilemas da pré-adolescência e das dificuldades do amadurecimento: a relação com os pais, muitas vezes ausentes, o convívio no ambiente escolar, a primeira paixão, a formação de uma consciência política. Todos esses conflitos e descobertas são embalados pelos temas que povoam o universo punk, como a contestação, a desigualdade social, a religião etc. A estética naturalista adotada pelo diretor também vai ao encontro dos preceitos do movimento, com sua simplicidade de três acordes, em que a atitude é tão importante quanto a técnica. Com uma câmera na mão em constante movimento, e closes abundantes, Moodysson capta a intensidade das expressões, gestos e falas de suas excelentes atrizes-mirins (Mira Barkhammar, Mira Grosin e Liv LeMoyne), que transmitem total sinceridade nas atuações, tornando o retrato da rebeldia contra as convenções de seu universo particular extremamente divertido e cativante. Pois, para Moodysson, enquanto houver qualquer pessoa que se levante contra as imposições e os padrões da sociedade, a essência do punk nunca morrerá. Assim como as verdadeiras amizades. – por Leonardo Ribeiro

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