O cineasta francês Marcel Camus, notoriamente apaixonado pelas coisas do Brasil, causou controvérsia com sua laureada adaptação cinematográfica da peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes. Mesmo acusado de romancear demasiadamente a vida nas favelas cariocas, Orfeu Negro (1959) recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1959, além de vencer o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1960. Tanto prestígio foi, certamente, benéfico a Camus que, na década seguinte, voltou novamente suas lentes ao nosso país. Desta vez, ele adaptou às telonas o livro Os Pastores da Noite, lançado em 1964. A trama acompanha a trajetória acidentada de Otália (Mira Fonseca), recém-chegada do interior a Salvador, vinda de um bordel, onde ganhava o sustento. Ela muda completamente a vida de Martim (Antonio Pitanga), um malandro, mulherengo e jogador de capoeira que vive pelas ladeiras famosas da capital baiana, acompanhado de um séquito de amigos igualmente adeptos da boemia. Ele se apaixona pela prostituta, mas uma série de infortúnios provoca turbulências e desencontros que os afastam. O filme não teve o mesmo sucesso internacional de Orfeu Negro, mas possui seus méritos, inclusive por ter no elenco nomes de peso como Zeni Pereira, Maria Viana, Jofre Soares, Wilza Carla, Jaime Barcelos e Richão.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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