INDICADAS
- Emma Stone, por La La Land: Cantando Estações
- Isabelle Huppert, por Elle
- Meryl Streep, por Florence: Quem É Essa Mulher?
- Natalie Portman, por Jackie
- Ruth Negga, por Loving
Se as categorias de Ator e Atriz Coadjuvante estão praticamente definidas, com as mais que prováveis vitórias de Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar) e Viola Davis (Um Limite Entre Nós), e a de Ator parece reduzida a uma disputa entre Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar) e Denzel Washington (Um Limite Entre Nós), a de Melhor Atriz é a mais indefinida de todas, na qual absolutamente qualquer resultado é possível. Sim, pois há casos, em edições anteriores, em que até aquelas com aparentemente menos chances acabaram surpreendendo e levando, no fim da festa, a estatueta dourada para casa. Senão, vejamos.
Ruth Negga, por Loving, é a novata, em sua primeira indicação. No entanto, ela é negra, e o ano parece estar inclinado a reconhecer, enfim, os talentos dos afrodescendentes – há, ao todo, seis indicados nas categorias de atuação, além de Dev Patel, que, por ter ascendência indiana, também é considerado um homem de cor. Até hoje, em 88 anos de Oscar, apenas uma mulher negra foi premiada como Atriz Principal – Halle Berry, por A Última Ceia (2001). Naquela ocasião, ela não era a favorita. Mas, durante a temporada de premiações começou-se um movimento a seu favor, aliado ao fato de que, entre os homens, o favorito também era negro. E, no final, os dois ganharam juntos, ela e… Denzel Washington, por Dia de Treinamento (2001). Se for o momento de mais uma premiação casada, ela pode muito bem acabar sendo lembrada também por esse motivo. Que bonito seria ver essa injustiça histórica ser reparada com quatro vencedores afrodescendentes, não?
Meryl Streep, por outro lado, está em sua vigésima indicação – recorde absoluto entre todas as atrizes e atores. E como ela já ganhou em três ocasiões, muitos poderiam pensar: “ok, já é mais do que suficiente, ela está ali só fazendo número, pois não tem mais chance alguma”. Bom, a única intérprete da história a ganhar quatro Oscars, Katharine Hepburn, recebeu sua quarta estatueta quando já possuía cinquenta anos de carreira e estava na sua décima segunda indicação – sendo que havia ganhado, em anos consecutivos, na décima e na décima primeira indicação! Depois de duas vitórias em sequência, ninguém imaginava que uma senhora octogenária poderia quebrar outro recorde. Até que ela foi lá, e fez. E se há alguém capaz de repetir e até superar esse feito, essa é Meryl Streep, que, como a protagonista de Florence: Quem É Essa Mulher?, é disparada a melhor coisa de um filme apenas mediano.
Ainda assim, a possibilidade dessas duas saírem vitoriosas parece mais um sonho distante que uma realidade concreta. Então, quais as chances das outras três concorrentes?
FAVORITA: Emma Stone, por La La Land: Cantando Estações
O favoritismo de Emma Stone começou ainda em 2016, quando ela se consagrou como Melhor Atriz no Festival de Veneza, superando, inclusive, sua concorrente Natalie Portman, que participou do mesmo evento. Depois veio o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, alguns prêmios da crítica (Detroit, Carolina do Norte, Phoenix), indicações ao Bafta e ao Critics Choice e… o troféu do SAG, que é o reconhecimento do Sindicato dos Atores e um dos mais fortes indicativos do Oscar. Além disso, só lhe favorece o fato de estar no filme do ano, recordista de indicações e de ser uma atriz jovem (tem 28 anos!), bela e respeitada (essa é sua segunda indicação ao prêmio da Academia), um perfil que está de acordo com o que os votantes geralmente preferem (como Brie Larson, Jennifer Lawrence, Natalie Portman, Reese Witherspoon, Charlize Theron e Nicole Kidman, apenas para ficarmos nas vencedoras deste século). A estatueta dourada, portanto, parece já estar em suas mãos – ainda que tal resultado não seja de todo merecido. E não por ela não estar à altura do prêmio – pelo contrário, está muito bem, exatamente de acordo com o que seu personagem exige. O problema é a concorrência!
TORCIDA: Isabelle Huppert, por Elle
E essa concorrência, é claro, atende pelo nome de Isabelle Huppert. Se o mundo fosse justo, Huppert nem estaria concorrendo: as outras seriam indicadas apenas para preencher espaço, e a vitória já teria sido anunciada previamente para a musa francesa. O que ela faz como uma mulher que sofre um estupro e se recusa a se comportar como vítima é simplesmente fenomenal, e suas colegas concorrentes nem chegam a estar no mesmo patamar em que a diva transita neste thriller dirigido por Paul Verhoeven. No entanto, é extremamente raro o Oscar reconhecer uma veterana em sua primeira indicação, esteja ela atuando em inglês (como Charlotte Rampling, em 2016) ou, para pior, em uma língua estrangeira (como a fantástica Emmanuelle Riva, em 2013). Tanto uma quanto a outra perderam para novatas que ainda tinham muito a provar. Ou seja, o que parece pesar mais: talento ou fotogenia? O mundo, no entanto, não é tão injusto, e Huppert já foi eleita a Melhor Atriz do ano por essa performance no Globo de Ouro (Drama) e na maioria das associações de críticos dos EUA (Austin, Boston, Florida, Los Angeles, Nova Iorque, São Francisco, Seattle, St. Louis e Vancouver), além da própria Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA. E vale lembrar: ela só não ganhou o SAG… porque nem indicada foi, uma vez que não faz parte deste sindicato (ela é francesa, lembra?).
AZARÃO: Natalie Portman, por Jackie
A cinebiografia da ex-primeira dama dos EUA é um filme que prometia muito – previa-se que concorreria a Filme, Direção e em várias outras categorias – mas acabou recebendo apenas três indicações: Atriz, Figurino e Trilha Sonora. E se Natalie Portman ganhou o Critics Choice Award, esta foi a única premiação de peso que recebeu. No mais, foi indicada a praticamente tudo, tendo sido consagrada pelos críticos de Chicago, Denver, Georgia, Houston, Kansas, Las Vegas, Texas, Washington, Phoenix e Dallas-Fort Worth. Ou seja, considerá-la fora da disputa pode ser um pouco precipitado. Ainda assim, ela tem sido alvo tanto de elogios (por uma composição detalhista e calculada) como de ataques (que a acusam de estar imitando, e não recriando, a homenageada). Outro ponto que não está a seu favor é o fato de ter apenas 35 anos e já ter ganhado nesta categoria, por Cisne Negro, em 2010. Uma nova vitória, portanto, poderia ser cedo demais. Mas esse é apenas um “talvez”. Não se surpreenda caso Huppert e Stone dividam os votos e o patriotismo norte-americano, mais uma vez, fale mais alto, abrindo espaço para essa conquista protocolar, ainda que não surpreendente.
ESQUECIDA: Amy Adams, por A Chegada
Poderíamos falar de Annette Bening, por 20th Century Women (indicada ao Globo de Ouro), Emily Blunt, por A Garota no Trem (indicada ao SAG) ou até mesmo da nossa Sonia Braga, por Aquarius (premiada pelos críticos de San Diego). Mas como ignorar Amy Adams? A Chegada recebeu oito indicações ao Oscar, inclusive a Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado, e mesmo assim optaram por deixar sua protagonista, que deve estar em pelo menos 90% das cenas filmadas, de fora! Esta é, indiscutivelmente, a maior injustiça deste ano. A única possível explicação é que essa seria sua sexta indicação e, assim como foi nas vezes anteriores, suas chances de vitória seriam mínimas – nunca a protagonista de um filme de ficção-científica foi premiada na categoria, como bem lembram Sigourney Weaver e Sandra Bullock. Portanto, a lógica do “só vamos indicá-la agora quando for sua vez de ganhar” não é totalmente descabida, e parece ter sido o caso. O que não significa, é claro, que seja uma desculpa válida!
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