Nos dias 11 e 12 de agosto, o Palácio dos Festivais abrigou a exibição da Mostra Gaúcha – Prêmio Assembleia Legislativa do RS de curtas-metragens do 40º Festival de Cinema de Gramado. Ao todo, 21 produções desfilaram pela tela, entre filmes de figurinhas carimbadas e de jovens realizadores (muitos deles apresentando seu primeiro trabalho). No geral, uma programação bastante irregular, sendo que a inclusão de obras universitárias na seleção, com claras limitações provenientes desta ou daquela especificidade, contribuiu para nivelar por baixo ambos programas.
Sábado
O apanhado do sábado foi marcado pela discrepância entre títulos interessantes, ou pelo menos possuidores de alguns pontos de importância, com outros, de fragilidades que não justificam a vitrine lhes conferida pela seleção. Estrada, de Marcel Kunzler, Fez a Barba e o Choro, de Tatiana Neguete, ressaltaram-se, respectivamente, pela construção dramática e o delicioso registro em preto e branco de uma barbearia porto alegrense. Rigor Mórtis, de Marcello Lima e Fernando Mantelli, foi outro dos bons títulos, bizarrice que contou, inclusive, com um personagem coveiro necrófilo onanista. Garry, de Richard Tavares e Bruno Carboni, fechou a tarde de curtas atraentes, por sua abordagem espirituosa e criativa de um papo com o enxadrista Garry Kasparov. Filmes como: Quem é Rogério Carlos?, Paraphilia, As Irmãs Maniacci, 24 Horas com Carolina, Brisa, O Beijo Perfeito e Todos os Meus Ídolos Estão Mortos, ficaram bem aquém da tradição de um festival já com 40 edições.
Domingo
Se o sábado foi caracterizado pela baixa qualidade dos curtas apresentados, então o que dizer do domingo, um dia ainda menos animador? Dos nove filmes exibidos, apenas três deixaram rastros positivos: Casa Afogada, de Gilson Vargas (técnica vistosa) Ignácio e Saldanha, de Boca Migotto (inteligente, embora de final fragilizado) e Elefante na Sala, de Guilherme Petry (boas construções, atmosférica e de roteiro). Só Isso, de Iuli Gerbase (experiência esvaziada com enquadramento incomum), A vida da Morte, de Maciel Fischer (escrachado e bobo), Boa Viagem, de Claiton Mosmann (inocente e banal), Lobos, de Abel Roland e Emiliano Cunha (desenvolvimento falho), Noite Um, de Rafael Duarte e Taísa Ennes Marques (sub-vampiro que se leva a sério) e Rua dos Aflitos, 70, de Leandro Daros (meloso e artificial), deram bem a tônica da baixa qualidade dos programados para o segundo dia da mostra.
PREMIAÇÃO
A cerimônia de premiação da Mostra Gaúcha de curtas-metragens fechou a noite de domingo, 12, no Palácio dos Festivais. Sentida mesmo, apenas a falta de prêmios para o ótimo Estrada. De resto, foram laureados, com justiça, filmes relevantes em meio à amostragem acidentada desta edição.
MELHOR PRODUTOR EXECUTIVO: Cinematográfica Pata Negra Ltda – Gilson Vargas e Beto Picasso (Casa Afogada)
MELHOR EDIÇÃO DE SOM: Gabriela Bervian (Casa Afogada)
MELHOR MÚSICA: Bunker Studio (Fez a Barba e o Choro)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Iara Noemi e Gilka Vargas (Casa Afogada)
MELHOR MONTAGEM: Bruno Carboni (Garry)
MELHOR FOTOGRAFIA: Bruno Polidoro (Fez a Barba e o Choro)
MELHOR ROTEIRO: Guilherme Petry e Samir Arrage (Elefante na Sala)
MELHOR DIRETOR: Richard Tavares e Bruno Carboni (Garry)
PRÊMIO EXIBIÇÃO CURTAS GAÚCHOS: Garry, Richard Tavares e Bruno Carboni
MELHOR ATRIZ: Fernanda Carvalho Leite (Lobos)
MELHOR ATOR: Guto Zuster (24 com Carolina)
MELHOR FILME: Elefante na Sala, de Guilherme Petry
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