Thor: Ragnarok tem sido recebido com entusiasmo. Mas esta empolgação é justificada? Dificilmente. Afinal, entre Thor (2011) e Ragnarok (2017) seis anos se passaram, e os adolescentes que viram o primeiro, hoje são adultos, e os que estão assistindo ao de agora, naquela época eram muito crianças. É por isso que o título não é Thor 3, por exemplo. Mais que uma sequência, este novo episódio é um recomeço, que simplesmente apaga o que foi feito antes com o personagem em outros quatro filmes (além dos dois Thor, há de se desconsiderar também suas participações nos dois Vingadores). É triste perceber que uma figura tão nobre e poderosa foi descaracterizada a ponto de virar uma piada pronta, sem alma e ímpeto. Thor merece ser épico, grandioso, e não bobalhão e inconsequente. Não se admira Jane tê-lo abandonado. Mas nada pior do que se deparar com uma trama na qual ele não possui força própria, apenas reagindo aos acontecimentos. Uma boa definição ao que aqui encontramos são “rainbows and fireworks”, ou seja, arco-íris e fogos de artifício (ambos, literalmente, exibidos em cena). Tudo é muito colorido, há explosões para todo lado, mas nada parece ser, realmente, importante. O tipo sisudo e empolado que causava admiração nos fãs e temor nos inimigos virou um fanfarrão sem propósito. Assim como Sansão, junto com seus cabelos se foi o que ele tinha de melhor, a representatividade de um verdadeiro herói. A Marvel poderia ter seguido a linha séria e perturbadora de Capitão América: O Soldado Invernal (2014), talvez o seu melhor filme. No entanto, preferiu se espelhar na metralhadora de piadas e humor raso de Homem de Ferro 3 (2013) e Guardiões da Galáxia (2014). Faz dinheiro, é claro. Porém, na mesma proporção em que se torna esquecível e irrelevante.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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