Exibido no 5o Olhar de Cinema: Festival Internacional de Cinema de Curitiba, o longa documental de animação do diretor Calí dos Anjos foi um dos últimos a ser exibido na mostra competitiva nacional do 45o Festival de Gramado, mas foi, também, um dos que causaram maior impacto. E não só pela bela técnica de animação em 2D, que faz uso de traços simples e monocromáticos, mas não isentos de imensa beleza pelo que revelam ao mesmo tempo em que escondem, mas também por uma impressionante criatividade ao retratar homens e mulheres transexuais em momentos de sensível franqueza, nos quais se abrem a respeito de suas histórias, medos e conquistas até terem se tornardo as pessoas que são hoje. Primeiro trabalho como realizador de Calí, já foi suficiente para lhe render o kikito de Melhor Direção na Serra Gaúcha, além do Prêmio Canadá 150 para Novos Talentos, que resultou em uma bolsa de estudos no país parceiro do festival. Uma aposta promissora, que não só poderá reverter em outros fortes discursos como os verificados aqui neste trabalho, mas também em oportunidades para outros nas mesmas condições que ele – afinal, apenas profissionais transexuais participaram da produção deste filme. A história do cartunista trans Orlando Tailor, portanto, nada mais é do que a porta de entrada para uma realidade tão próxima, mas ainda vista com tanta desconfiança e ignorância por grande parte da nossa sociedade. E são iniciativas como essa que, aos poucos, começam a mudar esse cenário, com determinação e delicadeza.
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