O diretor Bruno Autran não é nenhum novato – este, por sinal, é seu quinto curta-metragem (caso nenhum outro nos tenha escapado) como realizador, além de uma carreira como ator em projetos de colegas e também na televisão. Essa experiência se percebe na intrigante história do homem – ele próprio, vivendo o ‘sujeito’ – que, ao se mudar para um novo apartamento, encontrou por lá um cofre – o ‘objeto’ – deixado pelos antigos inquilinos. O que falta, no entanto, é o segredo – ou mesmo uma chave – para abri-lo. Curioso para descobrir o que pode estar – ou não – guardado ali dentro, decide sair pelas ruas de São Paulo visitando antiquários, oficinas mecânicas, feiras ou qualquer pessoa que possa, de um jeito qualquer, ajudá-lo a desvendar esse mistério. Nessa jornada, as definições de quem está no comando passam a se confundir, e até mesmo nossa noção, enquanto espectadores, se torna turva: quem, de fato, é o protagonista à frente da ação, aquele que carrega ou aquilo que é carregado? O que apenas segue um impulso ou o que abrange um mundo de possibilidades talvez nunca desvendadas? Afinal, muito mais intrigante do que aquilo concreto é o mundo de fantasias a respeito do que não se sabe. Mais do que um ator versátil, Autran é também um cineasta competente em conduzir este conto que poderia ter uma nota só, mas com bom humor angaria a empatia do público, indo além da leitura imediata e transformando um caminho bastante simples numa intricada analogia ao próprio comportamento humano e suas idiossincrasias.
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