É possível que toda seleção para mostras competitivas, principalmente em um evento como o Festival de Gramado, tão afeito aos holofotes e aos desfiles pelo tapete vermelho, levem em consideração como elemento determinante a presença de astros reconhecidos para a inclusão de um título qualquer. Esta, por exemplo, parece ser a única justificativa para a presença do curta de Alexandre Mandarino e Pedro Lucas de Castro dentre um conjunto tão elevado quanto o encontrado no evento serrano em 2017. Resultado de um esforço de novos cineastas evidentemente inexperientes diante da linguagem cinematográfica, o filme parte de uma premissa simplista – garoto que trabalha como caseiro usa o impressionante ambiente sob seus cuidados como se fosse seu para impressionar garotas através de conquistas por aplicativos de namoro na internet – para revelar outras mais fragilidades no desenrolar da sua trama. Cristiano Garcia, como o protagonista, parece não ter entendido seu personagem, oferecendo uma postura tão falsa quanto a do tipo que ~deveria~ defender. Já os globais Marcos Pasquim (que parece estar com muito tempo livre) e Fernanda Vasconcellos (estaria ela fazendo algum favor a amigos?) não dizem a que vieram, possibilitando que a produção use seus nomes para despertar a curiosidade de um público incauto que termina por ficar diante de uma história óbvia e, infelizmente, muito mal conduzida, que abusa de clichês em sua narrativa e resvala em deficiências técnicas a todo instante, como a direção de arte inexistente e a trilha sonora reincidente, irritante a ponto de afastar o espectador dos acontecimentos vistos em cena. Apesar de uma ou outra boa ideia – Sandra de Sá como a chefona chega a ser curioso – o resultado, infelizmente, revela-se muito aquém de qualquer tipo de expectativa levantada pelo projeto.
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