O diretor Swahili Vidal se depara aqui com uma questão que tem se tornado urgente em tempos de empoderamento feminino e atenção e respeito às minorias: o cabelo dos negros. Ou, mais especificamente, das mulheres negras. Por quê só cabelo liso é considerado bonito? Quem ditou essa regra? Qual o motivo de descriminação em relação aos cabelos volumosos, abundantes, cacheados, encaracolados, tranceados ou demais estilos que emulem a raça negra, em contrapartida ao fio escorrido perseguido pela maioria das mulheres? A obra tem potencial, porém decide se restringir a um olhar meramente circunstancial dessa realidade. Assim, somos convidados a ouvir os depoimentos de algumas mulheres que relatam problemas e situações que já enfrentaram em relação a este tema, com algumas breves análises ao que tem mudado nos últimos anos e como elas próprias tem se sentido cada vez mais à vontade em se assumirem exatamente como são, sem se forçarem a grandes mudanças estéticas ou de aparência quanto a este quesito. No entanto, ficam de lado reflexões mais profundas, e a busca por um entendimento maior dessa problemática acaba se reduzindo a um diálogo íntimo das garotas aqui entrevistadas. Muitas vezes elas podem ser reflexo de algo maior, mas tomar essa verdade por conclusão absoluta não seria por demais redundante? É um bom início de debate, mas que certamente não se resolve com os elementos aqui levantados.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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