Nascida em Paris, filha de uma professora e um médico, Bérénice Marlohe sempre adorou os filmes de James Bond. Tanto que hoje a atriz acredita que o destino estava interferindo a seu favor quando conseguiu o papel de Bond girl em 007 – Operação Skyfall (2012). Mas sua carreira começou antes, aos 20 e poucos anos, logo após se formar na universidade, atuando tanto como atriz quanto como modelo. Durante estes primeiros anos marcos presença em pequenos papéis em várias séries francesas, além de ter estrelado também alguns telefilmes. Seus créditos cinematográficos, até o momento, incluem os inéditos por aqui Un Bonheur N’arrive Jamais Seul (2012) e L’art de Seduire (2011). 007 – Operação Skyfall é seu primeiro trabalho em língua inglesa e o de maior expressão internacional. E foi sobre esse desafio, o mais importante de sua carreira até agora, que a atriz conversou nessa entrevista publicada com exclusividade no Brasil pelo Papo de Cinema. Confira!

 

Quando lhe ofereceram inicialmente o papel, qual foi a sua reação? Como você se sentiu?

Foi tão estranho, porque tive muitos sinais antes daquelas audições e, de certo modo, me sentia ligada a esta aventura desde o início. Sempre adorei os filmes de James Bond, então, quando fui às audições, estava muito confiante. E quando me disseram que eu tinha conseguido o papel, me senti em paz e fiquei extremamente feliz e empolgada em poder mergulhar nessa aventura. Vibrei com a chance de criar a minha própria personagem, de ser parte deste filme fantástico e de ajudar a fazer deste o melhor de todos os filmes de Bond.

Como foi chegar no primeiro dia no set em Pinewood? Afinal, Pinewood está inscrito na história de Bond. O que você sentiu?

Pinewood é um lugar mítico e foi mágico estar lá. Eu fiquei muito surpresa e encantada com os sets que criaram lá para 007 – Operação Skyfall. Eram incríveis. Eu me senti como uma criança em um parquinho gigantesco e mágico.

 

Como você acha que o papel das Bond girls mudou ao longo dos anos?

Acho que há muitos anos, aliás, desde o princípio, as Bond girls têm tido conteúdo. E esse é um dos motivos porque sempre adorei os filmes de Bond. Por exemplo, veja 007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No): temos Ursula Andress (como Honey Ryder) e ela é muito poderosa e sedutora, tem um componente tanto masculino quanto feminino, e isso, para mim, é a essência de uma Bond girl – uma mistura muito sexy de glamour e poder. As Bond girls emanam um poder sensual e também muita personalidade. Se você examinar as atrizes que já atuaram nos filmes Bond, é incrível. E é por isso que sempre adorei as Bond girls e me empolguei em criar a minha própria Bond girl.

Entre Javier Bardem e Sam Mendes, com o elenco de Operação Skyfall

O que você pode nos contar sobre ela? Como é Severine?

Bom, a Severine tem ligações fortes tanto com Bond como com Silva (Javier Bardem), é um elo importante entre os dois. E, para criá-la, me inspirei num animal mítico, chamado Quimera, um misto de dragão, pantera e serpente. É uma criatura muito poderosa e com muitas facetas. Essa, em parte, foi a minha inspiração.

 

Você obviamente teve de fazer muitas cenas com Daniel Craig e Javier Bardem. Como foi?

Foi fantástico trabalhar com o Daniel e o Javier, porque são atores muito talentosos. E também foi incrível, do ponto de vista humano, pois são seres humanos maravilhosos. Eles são talentosos, mas também muito generosos e humildes. Foi uma imensa alegria trabalhar com os dois.

Com Daniel Craig em Operação Skyfall

 Além dos produtores, Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, há muita gente em 007 – Operação Skyfall que já trabalhou em inúmeros filmes de Bond. Que tipo de atmosfera isso cria?

Realmente parece uma família. Antes de começar, já tinha ouvido dizer, “parece uma família”, mas não sabia exatamente o que esperar. Mas trabalhar durante seis meses neste set foi emocionante e maravilhoso porque, antes de mais nada, Barbara e Michael são pessoas maravilhosas, e parecia que todo mundo que estava ali era muito amigo de todo mundo. Eles são extremamente profissionais, mas pareciam todos se conhecer uns aos outros, e a gente tem vontade de curtir cada momento, pois você está em boas mãos com essas pessoas maravilhosas. Eles me deixaram muito à vontade e me acolheram – os produtores, Sam, Daniel, todo mundo. Embora seja uma superprodução, nunca senti isso. Parecia uma produção intimista e humana.

 

Você consegue se lembrar do primeiro filme Bond que você viu?

O primeiro filme de Bond que me lembro de ter assistido foi 007 Na Mira dos Assassinos (A View To A Kill, 1985), com Roger Moore, como James Bond, e Christopher Walken e Grace Jones. Eu adorei. Muitos filmes de Bond eram exibidos na TV francesa e foi assim que os assisti desde que era pequena. Depois, quando fiquei mais velha, ia assistir a cada novo lançamento no cinema.

Você precisou se submeter a algum treinamento em preparação para o papel?

Sim, treinei tiro com armas de fogo e, para mim, foi muito importante fazer isso, porque queria sentir a sensação real de segurar e disparar uma arma de verdade, para poder alimentar a minha personagem com uma sensação de poder e de ser uma espécie de “mafioso malvado” (risos). Essa é uma das características dela. Então, foi muito importante aprender a atirar corretamente.

 

Quando conseguiu o papel, você assistiu aos primeiros filmes e reviu algumas das demais Bond girls em busca de inspiração?

Não. Decidi que queria criar algo próprio e dar à luz uma personagem única, com a minha personalidade, baseada num ótimo roteiro. Tratei dessa personagem como uma pessoa de verdade que tive de criar. Mas, definitivamente, revi alguns dos filmes antigos de Bond só para honrar as suas origens. E gostava de ficar sempre escutando Shirley Bassey enquanto me preparava para o papel, porque, para mim, ela é a encarnação da Bond girl! Dame Shirley Bassey gravou as canções-temas de três filmes de Bond – 007 Contra Goldfinger (Goldfinger, 1964), 007 – Os Diamantes São Eternos (Diamonds Are Forever, 1971) e 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, 1979). Ela me passa a sensação de uma mulher sexy e poderosa, e isso me inspirou muito. Ela é maravilhosa e a sua voz… meu Deus!

 

Conseguir este papel mudou a sua vida?

Todo mundo me diz que ele irá mudar a minha vida, então, estou tentando aproveitar o fato de ainda poder andar pela rua sem ser notada. Sei que muitas coisas irão mudar quando o filme for lançado.

Com Daniel Craig, no lançamento de Operação Skyfall em Londres

Como você começou a trabalhar como atriz?

Sempre fui apaixonada pela arte. Toquei piano durante oito anos e adoro pintar e desenhar, mas a interpretação veio mais tarde para mim. Uma agente me viu, há muito tempo, e me encaminhou para a carreira de atriz. Quando conheci um professor maravilhoso de interpretação e fui trabalhar com ele, me apaixonei pelas artes cênicas. Eu tinha 23 anos quando comecei e ainda estudo com o mesmo professor, porque ele é fantástico. Ele está com 80 anos de idade hoje, e conheceu Marlon Brando! Ele é maravilhoso e adoro ir vê-lo de vez em quando, porque, para mim, é muito importante praticar e aprender mais sobre as técnicas de interpretação.

 

E o que o futuro lhe reserva? Você gostaria de fazer mais filmes em língua inglesa?

Durante anos, sonhei em estourar na França para que fosse reconhecida na Inglaterra e nos Estados Unidos. Sempre pensei em uma carreira internacional. Com certeza pretendo seguir atuando em filmes ingleses e americanos, até porque os adoro. Na verdade, prefiro atuar em inglês do que em francês.

Poderia resumir como foi a experiência de fazer 007 – Operação Skyfall?

Foi uma jornada incrivelmente humana, conhecendo pessoas maravilhosas, e também a oportunidade de me conhecer mais como pessoa. Tenho a certeza de que nunca mais terei a chance de ter uma aventura incrível como essa outra vez. Foi, sob muitos aspectos, completamente único e mágico.

 

(Entrevista feita em Londres por Jessica Franks e editada por Robledo Milani)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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