J. K. Simmons possui mais de 150 filmes, curtas e programas de televisão no currículo, mas até o ano passado pouca gente sabia quem ele era. Tudo isso mudou com sua atuação em Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), drama musical exibido no entusiasmo no Festival de Sundance e que depois circulou despertando bastante interesse por outros festivais, até receber cinco indicações ao Oscar 2015 – inclusive a Melhor Filme – e ganhar três estatuetas. Uma destas foi a de Melhor Ator Coadjuvante, consagrando uma performance estelar que lhe valeu também o prêmio do Sindicato dos Atores, o Globo de Ouro, o Critics Choice e mais uma dezena de troféus.
Whiplash, agora, está sendo lançado no Brasil em Premium VOD – Video On Demand – pela Sony Pictures Home Entertainment, e já está disponívei na Net, Oi, GVT, Google e PlayStation desde o dia 09 de abril. No final do mês, a partir do dia 29, estará disponível também em VOD, DVD e Blu-Ray com extras exclusivos: comentários do diretor e do próprio Simmons, um documentário especial sobre bateristas famosos que discutem a profissão e a paixão pelo instrumento, uma visita com o Damien Chazelle e os protagonistas ao Festival de Toronto e o curta original que deu origem ao filme. Aproveitando essa incrível novidade, o Papo de Cinema publica com exclusividade no Brasil um bate-papo inédito com o ator J. K. Simmons, que não só fala sobre os bastidores da produção como também revela em primeira mão sua ligação com o mundo da música. Confira!
O quanto o seu interesse prévio por música o influenciou a aceitar esse papel?
Ah, com certeza isso foi fundamental. E foi também uma surpresa para o (diretor e roteirista) Damien Chazelle. Uma das coisas que ele queria que eu não me preocupasse era em como conduzir. Ele me disse: “traremos para o set um expert que irá lhe ensinar alguns movimentos básicos e não quero que você se preocupe com isso porque não farei que você fique mal parecendo que está apenas fingindo conduzir”. Foi quando lhe disse: “bem, sou formado nisso, então espero que a gente possa pular essa parte”. Não tenho um passado ligado ao jazz especificamente, mas muito do que sei poderia ser adaptado. E foi o mesmo que aconteceu com o Miles Teller. Damien escreveu o papel com ele em mente e só depois é que foi descobrir que o garoto sabia tocar bateria desde os quinze anos!
Como foi trabalhar com o diretor e roteirista Damien Chazelle?
Quando li o roteiro, ficou claro para mim o quão maduro e brilhante Damien era como escritor. Quando o conheci e percebi que se tratava de uma criança, foi realmente um passo em fé aceitar fazer esse filme com ele na direção. Mas pensei que se no papel ele já parecia ser tão inteligente, talvez conseguisse dirigir também. Foi realmente fantástico. Primeiro tivemos a experiência de fazermos o curta juntos, que ele conduziu maravilhosamente bem tanto no set quanto na sala de edição. E um ano depois estávamos fazendo o longa juntos.
E como foi atuar ao lado de Miles Teller?
Miles já tinha se destacado na tela grande em Reencontrando a Felicidade (2010) e em O Maravilhoso Agora (2013), mas não costumo sair muito (risos), e portanto não tinha visto nenhum dos dois. Assim que Damien me contou que seria ele quem faria o papel, eu deliberadamente escolhi não assistir a seus filmes anteriores. Queria vê-lo apenas como Andrew, o personagem. E nós nos entendemos e tivemos uma ótima experiência. Realmente encontramos uma maneira ótima de trabalharmos juntos e ainda nos divertir entre cada take. Ele é uma perfeita combinação de um jovem astro com um ator treinado que trabalha muito seriamente. Ele é muito bom no que faz.
Você já interpretou uma série de papéis muito intensos em sua carreira. O que o personagem de Whiplash lhe desafiou?
Foi desafiador nas mais diferentes maneiras. Certamente, há alguns lugares nesse filme que exigiram um aprofundamento maior tanto emocionalmente quanto psicologicamente. E houve também alguns desafios técnicos, como aprender toda aquela música. Há um universo musical muito complexo ali e que eu precisava realmente estar familiarizado. Além de tocar piano, o que não sei fazer. Minhas mãos simplesmente não são musicais, ainda que seja só um tom qualquer. Isso foi o que mais me exigiu.
Era você mesmo que estava tocando na cena no clube noturno?
Sim, eu próprio. E toda a parte de condução era obviamente meu desempenho. E ainda aprendi os movimentos certos. Estar em um set com todos aqueles músicos profissionais foi um pouco intimidante, tanto para Miles quanto para mim. Mas assim que entendemos o que era preciso ser feito, já podíamos falar alguns jargões do meio, além de mostrar que Miles tinha alguma habilidade, também. Mas a parte musical foi a mais excitante do filme. Atuar em cenas como aquelas… quero dizer, foram difíceis e fantásticas, e tive ao meu lado um grande parceiro com quem trabalhar. Mas toda aquela música é algo que não tenho a chance de me aproximar com tanta frequência como gostaria.
Você se lembra do seu primeiro concerto musical?
Meu pai era condutor de um coral e professor de música, e na época em que moramos em Detroit, ele e minha mãe cantavam em um coral comunitário. Quero dizer, ele era o condutor e minha mãe cantava. E lembro de ir com eles a esses concertos e aprender os detalhes, como se comportar, a permanecer em silêncio e tudo mais. Eu tinha em torno de cinco, seis, sete anos de idade e realmente gostava de ver meus pais lá em cima, curtindo aquela música.
Você se lembra da primeira música que comprou?
O primeiro álbum que comprei talvez tenha sido um do Jimi Hendrix, o “Are You Experienced”.
Miles comentou que costuma escutar muito Jimi Hendrix também…
Você não consegue encontrar nada muito melhor do que Jimi.
Para encerrarmos, Whiplash é sobre obsessão e paixão. Existe algo em sua vida pelo qual você seja obsessivo ou muito apaixonado?
Não tenho muitas obsessões, não. Mas há algumas coisas pelas quais sou apaixonado, como por minha esposa e meus filhos, além de fazer filmes, é claro. Mas obsessivo? Não acho que seja um comportamento muito saudável.
(Entrevista cedida com exclusividade ao Papo de Cinema pela Sony Pictures do Brasil; tradução e adaptação de Robledo Milani)
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