Há quase três décadas Patrick Dempsey se tornou um astro do cinema da noite para o dia graças a duas comédias adolescente: Namorada de Aluguel (1987) e Loverboy – Garoto de Programa (1989). Hoje, o ator nascido no dia 13 de janeiro de 1966 está aproveitando seu retorno de sucesso a Hollywood graças ao papel indicado ao Globo de Ouro como Dr. Derek Shepherd na série dramática de enorme sucesso Grey’s Anatomy. Depois de atuar como o Príncipe Encantado de Amy Adams no filme Encantada (2007), ele voltou a ser protagonista de sua própria comédia romântica em O Melhor Amigo da Noiva (2008).

Dempsey estrela essa comédia romântica como Tom, um charmoso mulherengo que sempre pode contar com sua melhor amiga Hannah (Michelle Monaghan) como a única pessoa constante em sua vida. Quando ela viaja para a Escócia por seis semanas, ele se espanta ao perceber como sua vida ficou vazia e decide contar tudo sobre seus sentimentos quando ela retornar. Mas Hannah volta noiva e pede que ele seja sua ‘dama de honra’, um pedido que Tom aceita com relutância, não somente porque é a coisa certa a se fazer, mas também na esperança de ter uma última chance de tê-la de volta antes que seja tarde demais. Na vida real, Patrick Dempsey está casado há nove anos com Jill e os dois possuem três filhos: Tallulah, a mais velha, e os gêmeos Darby e Sullivan. Durante esta entrevista no hotel Four Seasons, Dempsey se mostrou charmoso e prático ao falar deste filme e dos altos e baixos de sua carreira. Depois de 20 anos convivendo com isso, ele está apenas feliz em estar aqui. E agora o Papo de Cinema apresenta essa entrevista com exclusividade, resgatada especialmente dos nossos arquivos!

 

O que você achou de O Melhor Amigo da Noiva?

É uma comédia romântica divertida e à moda antiga. Tem algumas cenas cômicas, e se as pessoas gostaram das comédias que fiz no início da minha carreira, com certeza vão gostar dessa. Michelle também é muito doce e a química entre nossos personagens é ótima. Neal Moritz, com quem trabalhei em Doce Lar (2002), veio até mim com esse roteiro. Eu estava cansado e queria muito um intervalo, mas ele foi muito persistente. Depois que fizemos meu personagem mais agradável, tornando o filme mais suave, senti que poderia dar certo. Existem momentos muito divertidos e doces.

Com Michelle Monaghan em O Melhor Amigo da Noiva

Como você se sentiu fazendo mais a parte cômica do filme e não sendo um cara muito correto?

Em Encantada eu era mais um coadjuvante bonzinho para todos e dessa vez a situação é mais aberta e divertida com a comédia física. Foi bem interessante porque me lembrou os filmes que fiz tempos atrás, mas também me deixou inquieto, porque fiquei imaginando se não estava dando um passo para trás fazendo esse tipo de filme novamente. Não quero cair no que é mais fácil, mas ao mesmo tempo foi uma oportunidade perfeita de fazer uma coisa diferente e ainda assim interpretar um personagem romântico.

 

Como foram as filmagens?

Minhas cenas favoritas foram o casamento e as palhaçadas que fizemos. Depois disso fomos para a Escócia, onde acontece a segunda parte da trama, e essa foi outra razão para querer fazer parte desse projeto. Nós filmamos por duas semanas na Isle of Skye, na Escócia, e então fomos para Londres e depois para o interior, fora da Inglaterra. Com isso pude levar minha família, tive vontade de comprar um castelo e me mudar para lá!

 

Como esse personagem pode ser comparado aos seus outros trabalhos?

Foi divertido fazer um personagem que era diferente do McDreamy ou do cara que fiz em Encantada, mas ao mesmo tempo no mesmo tom. Você carrega as mesmas pessoas com você. Foi uma oportunidade de carregar o filme, de ser o protagonista e queria fazer alguma coisa que fosse possivelmente comercial e de sucesso. A ideia era ser algo que permitisse que fizesse algumas mudanças em minha carreira e tentasse algo diferente em meu próximo filme.

Com Amy Adams em Encantada

Você sente alguma responsabilidade com seus fãs da TV com relação a não interpretar alguma coisa muito diferente daquele papel?

Eu preciso levar as pessoas com calma nesse caminho. Faço um personagem romântico em Encantada, nesse filme e também em Grey’s Anatomy, e bem devagar você vai para uma direção diferente e dá mais dimensão a coisa toda. Recebi algumas propostas e uma delas é totalmente diferente, quero encarar essas mudanças no futuro.

 

Você se preocupa em ficar preso a personagens românticos?

Acho que minha próxima escolha é muito importante e depende muito de como esse filme será. Existem muitos filmes sendo lançados então a pergunta é: tenho o que é necessário para me lançar ao próximo filme?

 

Como foi usar um vestido de dama de honra?

Nós filmamos algumas cenas de formas diferentes e tivemos um momento surreal onde Tom está pensando em como as pessoas vão vê-lo como dama de honra e foi quando eu usei um vestido, mas os paparazzi apareceram e a foto foi parar em todos os lugares! Mas a cena em que estou de vestido não está no corte final do filme – apesar que eu apareço usando um kilt!

Patrick Dempsey em Namorada de Aluguel

O que você lembra do seu estrelato inicial com Loverboy – Garoto de Programa e Namorada de Aluguel?

Eu lembro que Kirstie Alley era muito divertida, muito atraente, realmente engraçada e que foi há muito tempo atrás. Haviam muitas coisas acontecendo em minha vida naquela época e não estava conseguindo aproveitar, mas estou feliz pelo que foi e por estar aqui hoje depois de passar por aquele período. É incrível que eu tenha sobrevivido por 20 anos nessa cidade e que tenha experimentado de tudo um pouco.

 

Nos fale sobre o período em que você tinha papéis recorrentes nas séries Will & Grace e Once & Again?

Acredito que tenha sido o começo da virada em minha carreira. Com Will & Grace e Once & Again, as pessoas começaram a me redescobrir, o que foi ótimo. Doce Lar foi uma grande oportunidade, mas o filme era estrelado pela Reese Witherspoon, e não por mim, então é muito bom saber que passei a ser o astro cujo nome fez com que o filme fosse realizado e que aparece acima do título. Mas também traz muita pressão.

 

E como tem sido esse tempo envolvido com Grey’s Anatomy?

Eu gosto muito de Derek, creio que é um dos personagens mais completos que já vivi. Eu estava um pouco frustrado porque sentia que o relacionamento dele com Meredith não estava indo a lugar algum, então foi bom quando ela superou seu medo de compromisso e os dois finalmente ficaram juntos. Quero vê-los lidando com problemas diferentes, com o crescimento da família, novas situações de trabalho. Ainda bem que temos bastante tempo para explorar tudo isso!

Com Ellen Pompeo em Grey's Anatomy

O que você tem feito entre seus projetos?

Tem sido ótimo passar um tempo com minha família e poder respirar e ver exatamente o que quero fazer em seguida. Gosto de dirigir carros de corrida e passo muito tempo correndo atrás de patrocinadores para minha equipe e também tenho andado muito de bicicleta, o que adoro. Recentemente fui para o Maine visitar minha mãe. Iniciei uma fundação no hospital que tratou o câncer de minha mãe, o Cancer Hope and Healing Center, porque achei importante dar alguma coisa para a comunidade.

 

Qual foi a grande virada em sua vida?

Acho que meu casamento com Jill, voltar para o Maine, comprar uma casa por lá e perceber que poderia ser feliz vivendo distante do centro. Isso me relaxou o suficiente para não ser mais tão estressado como era em Los Angeles. As pessoas passaram a me ver de forma diferente, e eu também precisava amadurecer e envelhecer um pouco. Tive um pouco de fama antes, o que foi muito intenso porque todos aqueles filmes foram feitos em um espaço de dezoito meses e, depois daquilo, nada. Então tive todos esses anos de luta e descobrimento de como ter uma vida mais equilibrada e como ter uma vida fora da atuação. No final do dia, uma carreira de sucesso parece profundamente vazia porque não é nada palpável quando você está sozinho em casa. Isso faz com que goste ainda mais desse momento em minha vida!

 

(Entrevista editada por Robledo Milani em 10 de junho de 2008)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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