Tá Chovendo Hambúrguer 2

LIVRE 95 minutos
Direção:
Título original: Cloudy with a Chance of Meatballs 2
Ano:
País de origem: EUA

Crítica

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Sinopse

Flint e os amigos são obrigados a deixar Boca Grande. Sem alternativas, ele aceita o convite de seu ídolo e se junta à iniciativa que conta com os maiores inventores do mundo. Porém, vai ser levado a salvar o planeta novamente.

Crítica

A temporada de 2013 ficará, definitivamente, marcada pelo sucesso das animações. Enquanto filmes como Depois da Terra e O Cavaleiro Solitário arrecadaram muito menos do que o esperado, decepcionando público e crítica, títulos como Meu Malvado Favorito 2 e Universidade Monstros se posicionaram com tranquilidade entre os maiores sucessos do ano – os dois estão entre os cinco mais vistos do verão americano. Um olhar mais detalhado, no entanto, revela um certo receio do espectador em investir em opções originais. Afinal, estas duas produções citadas são continuações, enquanto que longas como Turbo e Reino Escondido deixaram a desejar. Sob esta ótica, o novo Tá Chovendo Hambúrguer 2 não tem com o que se preocupar: além de dar sequência ao bem sucedido desenho animado de 2009 que faturou mais de US$ 240 milhões em todo o mundo, estreou nos Estados Unidos com folga no primeiro lugar, com números inclusive superiores ao do primeiro episódio.

Diante de um desempenho assim, a pergunta é inevitável: o que se vê na tela justifica este retorno? É passível de dúvida como seria a resposta de qualquer membro da audiência com menos de 10 anos. Para todos os maiores, no entanto, tal resultado é de causar espanto. Afinal trata-se de um convencional repeteco de tudo que já fora visto no filme anterior, além de combinar algumas referências à títulos populares – como O Parque dos Dinossauros (1993) e a saga O Senhor dos Anéis – porém insistindo na tecla da obviedade, sem apresentar nada de novo. Já os pequenos deverão se encantar, pois tudo é muito colorido, agitado, engraçadinho. Mas sem diferentes níveis de compreensão, que fique claro. O que se tem é o que se vê, de modo bem raso e evidente.

Quem não lembra de Tá Chovendo Hambúrguer (2009) – e acredita, ainda que sem muita razão, ser necessário estar por dentro da ‘trama’ desde o princípio – Tá Chovendo Hambúrguer 2 começa com uma boa recapitulação sobre o que aconteceu antes, quando o cientista Flint Lockwood inventou uma máquina que transformava água em comida, acabando com a fome na pequena ilha onde morava. Apesar de suas boas intenções, a experiência acabou dando errada, e o que se vê dessa vez é a interferência do genial Chester V., dono da empresa The Live Corp Company, especializada em investir em novos cientistas. O que Flint desconhece, no entanto, é que Chester apenas deseja se aproveitar da criação do novato para, com ela, dar um ousado passo em sua empresa de alimentos industrializados.

Tá Chovendo Hambúrguer 2 começa com os personagens abandonando a ilha onde toda a ação do primeiro filme se passou. Quando retornam para ver o que de fato está acontecendo, se deparam com uma realidade estranha, em que todos os alimentos adquiriram vida. Essa condição rende cenas e personagens fantásticos – as famílias de morangos e de picles são os melhores – mas a overdose de informações é tamanha que muito pouco se aproveita. Mais uma vez se confirma a intenção de falar apenas com os pequenos da plateia, que certamente terão o DVD do filme em casa para revê-lo inúmeras vezes – e a cada uma delas descobrir algo que havia passado desapercebido. Aos demais, aqueles em buscam apenas de uma boa história, o trabalho dos diretores Cody Cameron e Kris Pearn (ambos estreantes como realizadores) é tão passageiro quando um fast food: parece ser suficiente, mas seu efeito será passageiro e descartável.

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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