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Sinopse

Seis amigos ficam presos em uma casa após uma série de eventos estranhos e catastróficos devastarem Los Angeles. Enquanto o mundo entra em colapso do lado de fora da casa, os suprimentos estão acabando e os ânimos ameaçam acabar com a amizade deles. Eventualmente, eles são forçados a sair da casa, encarando seu destino e o verdadeiro significado de amizade e redenção.

Crítica

Judd Apatow e sua prole de humoristas transformam o cinema cômico norte-americano desde O Virgem de 40 Anos (2005), quando apresentaram adultos imaturos como heróis e seus dilemas com a vida adulta como subgênero. Enquanto uma pequena parcela das comédias mainstream atinge qualquer relevância ao apostar numa sucessão infindável de gags descerebradas, Seth Rogen e Evan Goldberg, escolados no cinema de Apatow, debutam na direção com É o Fim e revelam algum conteúdo numa autorreferente e ousada caricatura do universo que habitam.

Seth Rogen, James Franco, Jonah Hill, Jay Baruchel, Craig Robinson e Danny McBride protagonizam, entre outros amigos, uma alegoria sobre eles próprios e suas improváveis reações quando uma catástrofe aparentemente inexplicável destrói Los Angeles. Distraídos numa festa na nova mansão de Franco, decorada com pseudoarte pautada no suposto egocentrismo dele, alguns dos grandes atores do humor norte-americano contemporâneo morrem, desaparecem ou tentam encontrar uma razão para sobreviver.

A premissa de É o Fim é tão surpreendente quanto o time de celebridades que aceitou participar da produção pelo simples prazer de trabalhar com Rogen e Goldberg, o que demonstra suas muito boas relações em Hollywood. Jason Segel, Mindy Kaling, Paul Rudd e David Krumholtz se despem de qualquer vaidade para criar paródias de si próprios, mas quem merece as maiores reverências é o geralmente monocórdico Michael Cera. O jovem ator, como o cocainômano pervertido e sem noção, propicia o cameo mais hilariante, em especial na interação mal sucedida com a cantora Rihanna. Igualmente inusitadas, as aparições de Emma Watson e Channing Tatum rendem outras sequências tão absurdas quanto gratificantes.

Antes de se aplicarem à série de improvisos que norteia o ritmo do filme, os diretores estreantes, também reconhecidos como prolíficos roteiristas, certamente dedicaram considerável preocupação com a “razão de ser” de mais um filme sobre o fim do mundo. Temática explorada à exaustão no cinema – graças a realizadores como Roland EmmerichRogen e Goldberg parecem mais interessados em questionar a leviandade com que tantas celebridades explicitam valores superficiais para uma legião de fãs e admiradores influenciáveis, que passa a replicar tais importâncias. Nesse âmbito, a dupla se aprofunda tanto quanto Sofia Coppola em The Bling Ring (2013) – apenas o suficiente para que os espectadores façam seus próprios juízos e conclusões.

Ainda que demonstre alguma imprevisibilidade, É o Fim aposta no mesmo formato adotado por Judd Apatow para retratar seus protagonistas como crianças crescidas desconfortáveis com suas responsabilidades, apegadas ao afamado bromance e inconformadas com situações adversas àquelas ao qual estão acostumados – como a gravidez não planejada em Ligeiramente Grávidos (2007) ou as cruéis provações da adolescência na obrigatória série televisiva Freaks and Geeks (1999-2000).

É o Fim pode ser piegas em suas resoluções, porém elas surgem como consequências óbvias para o desenvolvimento de um filme que vai muito além do que propõe inicialmente. Realizado por alguns dos poucos criativos num gênero cada vez mais saturado, a comédia pode ser mal compreendida pelo público que desconhece suas incontáveis referências, mas definitivamente propiciará o riso involuntário – o que certamente ocorrerá no inesperado número musical que antecede os créditos finais.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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