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O planeta vizinho da Terra é objeto de estudo há tanto tempo que por pouco fantasia e realidade não se perdem sobre as observações feitas a ele. Se em 1877 Giovanni Schiaparelli começou a estudar a superfície do planeta, quase vinte anos depois H. G. Wells escreveria sua obra-prima sobre a invasão da Terra por habitantes daquele planeta. Nas últimas décadas, o interesse pelo planeta vermelho aumentou – ainda mais com a escassez de recursos naturais que o nosso globo vem apresentando com o passar dos anos. Nesta semana, ainda, cientistas descobriram que há água salgada em Marte. Já nos cinemas, chega Perdido em Marteficção estrelada por Matt Damon e dirigida por Ridley Scott. Com tanto falatório sobre a nossa vizinhança, assim digamos, a equipe do Papo de Cinema elegeu dez filmes que falam sobre o planeta e seus habitantes. Será que o seu favorito filme em Marte ou estrelado por marcianos está aqui? Confira!

 

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A Guerra dos Mundos (The War of The Worlds, 1953)
No dia 30 de outubro de 1938, o livro de H. G. Wells, A Guerra dos Mundos, se tornou uma obra mais do que reconhecida graças à uma transmissão radiofônica que deu o que falar. A leitura do texto foi interpretada como realidade por muitos. Ou seja, marcianos estavam invadindo a terra! Quinze anos depois, o livro teria esta adaptação cinematográfica pelas mãos de Byron Haskin, especialista em efeitos visuais e filmes de ação e aventura. Basicamente não há o que dizer sobre a trama, afinal, ela é o que o título já explicita. A invasão marciana na Terra gera conflitos com efeitos especiais divertidos, ainda que possam parecer toscos para os dias de hoje. A caracterização dos alienígenas também pode cair no ridículo para os mais desavisados, mas, além de divertir, a produção parece conter uma outra mensagem: a de como a colonização não faz bem nenhum. Afinal, qual a diferença dos marcianos que querem usar dos recursos naturais da Terra (mesmo que isso signifique o fim da raça humana) para os colonizadores europeus das décadas de XV e XVI? Se Haskin queria dar esse tom da obra de Wells para o filme, são outros 500. Porém, a produção ficou marcada na história da ficção científica e, consequentemente, no que se pode esperar de outro planeta. No caso, nosso vizinho, Marte. – por

 

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Capricórnio Um (Capricorn One, 1977)
A viagem do homem à Lua gerou uma das mais conhecidas teorias da conspiração de todos os tempos. Inspirado por tais suposições, o diretor Peter Hyams escreveu a trama deste longa sobre o fictício primeiro voo tripulado a Marte. Momentos antes do lançamento, os astronautas são retirados da espaçonave e levados a uma base secreta, onde são informados de que defeitos nos equipamentos impediram a missão. Para evitar o vexame e o fim do programa espacial, a NASA resolve criar um falso pouso no planeta vermelho, através de cenários cinematográficos, e transmiti-lo pela TV. Toda a fraude é colocada em risco, porém, quando um repórter decide investigar a história. Competente artesão hollywoodiano, Hyams combina seu gosto pela ficção científica – visto depois em Outland – Comando Titânio (1981) e 2010 – O Ano Em Que Faremos Contato (1984) – aos thrillers de paranoia típicos dos anos 70, resultando em um trabalho que mantém o interesse, superando as fragilidades de seu roteiro e as quedas de ritmo com um bom elenco (James Brolin, Elliott Gould, Sam Waterston, Hal Holbrook) e cenas de ação bem realizadas, como a do carro desgovernado e a perseguição aérea final. Um filme de aura cult, que tem seus admiradores. – por Leonardo Ribeiro

 

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O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990)
Baseado em conto de Phillip K. Dick, este filme dirigido por Paul Verhoeven é ambientado em 2084, quando viagens a Marte são uma realidade, com o Planeta Vermelho servindo de colônia para os terráqueos. Doug Quaid (Arnold Schwarzenegger) é um trabalhador braçal que sempre sonhou visitar aquele planeta. Ao contratar os serviços da Rekall, uma empresa que implanta memórias em seus clientes, algo dá terrivelmente errado. Quaid se interessa pelo pacote que, além de levá-lo a Marte, o transforma em um agente secreto. Mas logo ele começa a ser perseguido, como se realmente fosse um espião. Quaid decide viajar a Marte para entender o que acontece e sua missão fará com que ele conheça quem ele realmente é. Ainda que os efeitos especiais tenham envelhecido mal com o passar dos anos, o filme ainda mantém o charme duas décadas depois de seu lançamento. Contando com um Schwarzenegger no auge de sua fama – em uma de suas melhores atuações – a produção futurista é interessante por manter dúvidas na cabeça do espectador. Muito mais do que apenas um filme de ação anabolizado, o longa-metragem propõe uma viagem aos meandros do cérebro, nos fazendo a seguinte pergunta: quão reais são nossas experiências? – por Rodrigo de Oliveira

 

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Marte Ataca! (Mars Attacks!, 1996)
Vindo do excelente Ed Wood (1994), Tim Burton parecia ainda estar sob a influência do “pior diretor de todos os tempos” ao realizar o seu próprio “filme B” de ficção científica, que de “B” tem apenas o espírito, pois seu orçamento é de primeira linha. A premissa é simples, narrando uma invasão marciana à Terra, inspirada pelo livro A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells. O ataque dos marcianos com suas poderosas armas – e o aparente propósito de simplesmente aniquilar a raça humana – funciona como pretexto para que um estrelado elenco desfile por sequências cômicas e intencionalmente absurdas. E Burton reúne um grande time, com Jack Nicholson, Glenn Close, Pierce Brosnan, Michael J. Fox, Natalie Portman, entre outros. O cineasta abandona um pouco seu estilo gótico característico para apostar em um visual colorido e vibrante, com efeitos especiais que vão do ótimo – a concepção das criaturas de Marte, inspirada em uma coleção de figurinhas dos anos 60 – ao trash, sem deixar de lado seu humor peculiar. O público da época não comprou a proposta e o filme foi um fracasso. Mas, vista hoje e com o olhar de homenagem adequado, a piada de Burton pode ser bastante divertida. – por Leonardo Ribeiro

 

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Missão: Marte (Mission to Mars, 2000)
Ultrapassando três décadas de carreira, Brian De Palma chegava aos anos 2000 tendo trabalhado os mais diversos gêneros. Ainda que o suspense fosse o filão mais recorrente em sua filmografia, o cineasta já havia realizado de comédias a filme de guerra, do terror ao filme de gângster, deixando poucos terrenos a serem desbravados, sendo um deles o da ficção científica. Para sua estreia neste universo, De Palma escolheu uma temática bastante em voga na virada do século, a viagem a Marte. O ponto de partida da trama é simples: no ano de 2020, a primeira missão tripulada é enviada a Marte. Uma misteriosa tempestade coloca em risco a vida dos astronautas, e uma equipe de resgate parte na busca por sobreviventes. Mas, como de costume na obra do cineasta, as aparências enganam, e a viagem de resgate acaba se transformando em uma jornada existencial sobre a origem da vida. Uma vez no espaço, e com a ausência da gravidade, De Palma encontra um ambiente perfeito para a movimentação elegante e sofisticada de sua câmera. A aparente lentidão dos movimentos em pleno infinito espacial faz com que o suspense seja crescente, sempre reforçado pela trilha sonora enigmática do mestre Ennio Morricone. É com olhar otimista e de encantamento que o cineasta encara o cinema, da mesma forma com que os personagens recebem as revelações feitas quando adentram a face misteriosa – como o resumo da evolução da vida.  – por Leonardo Ribeiro

 

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Planeta Vermelho (Red Planet, 2000)
Assim como já aconteceu tantas outras vezes em Hollywood – seja com insetos, meteoros, vulcões ou Brancas de Neve – no ano 2000 o assunto da vez eram as viagens a Marte! Tanto que foram produzidos, quase que simultaneamente, dois longas sobre o tema. Se por um lado Brian De Palma investiu em um conceito mais filosófico em Missão: Marte (2000), o desconhecido Antony Hoffman – que não fez nada antes, nem depois, desse projeto – decidiu seguir uma trilha mais convencional de aventura espacial nesta ficção-científica estrelada por dois astros da época: Val Kilmer, ainda em alta por títulos como Batman Eternamente (1995) e O Santo (1997), e Carrie-Anne Moss, recém saída do primeiro Matrix (1999). Os dois aparecem como astronautas enviados ao tal planeta vermelho do título em busca de soluções que pudessem salvar uma Terra em vias de extinção – mais ou menos como a recente descoberta de água por lá, algo confirmado quinze anos depois. O resultado, no entanto, deixou a desejar, não arrecadando nas bilheterias de todo o mundo nem a metade dos US$ 80 milhões de seu orçamento, tropeçando feio em relação ao concorrente contemporâneo ao seu lançamento. – por

 

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Fantasmas de Marte (Ghosts of Mars, 2001)
O ano é 2176. Marte há muito tempo não é um planeta a ser descoberto, e sim lar de boa parte da civilização humana. Com a população aumentando cada vez mais, o número de expedições para extrair reservas naturais também se intensifica. Numa das escavações, ruínas de uma antiga civilização são descobertas e, aos poucos, a população acaba sendo comandada por espíritos malignos em busca de vingança. Para combate-los uma equipe de policiais comandada pelos personagens de Jason Statham (antes do sucesso) e Natasha Henstridge, além do prisioneiro na pele de Ice Cube. Com uma atmosfera trash assumidade, o longa de John Carpenter peca por atuações quase amadoras de seus protagonistas, mas diverte no nível de sangue, cenas de ação e aquela mistura de ficção científica com terror que talvez só o realizador seja capaz de fazer. Longe de um resultado extremamente memorável (o final tem uma conclusão extremamente pífia), e com momentos de alívio cômico que poderiam ter sido cortados na montagem final, Fantasmas de Marte acaba sendo um bom passatempo que até poderia ter sido ainda melhor não fosse o intrometimento da produção em vários aspectos, que acabaram descaracterizando a obra de seu diretor. Ainda assim, um longa diferente sobre o planeta vermelho. – por

 

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Cowboy Bebop: O Filme (Cowboy Bebop: Tengoku no tobira, 2001)
Derivado de uma série animada inteligente e sofisticada, este filme se passa em 2071, ano em que a equipe capitaneada por Spike Spiegel presencia um ataque bioterrorista fatal a mais de 500 pessoas em Aruba, cidade encravada numa das crateras de Marte. O Esquadrão Bebop parte no encalço dos responsáveis após o governo estipular uma polpuda recompensa a quem captura-los. O plano do vilão é espalhar um vírus em Marte, nesta realidade em que o universo é ligado por portais permissivos ao trânsito das naves espaciais. Esse movimento traz consigo o aumento significativo da criminalidade, prato cheio para os caçadores de recompensa. Mesclando elementos de western e ficção científica, o longa de Shinichirô Watanabe preserva, assim, as características que levaram ao sucesso da série de TV e, além disso, fizeram do anime objeto de culto. O jazz que embala as aventuras, o carisma dos personagens, a riqueza da concepção visual, a complexidade dos dramas humanos em jogo, tudo está ali, devidamente a serviço de uma narrativa cronologicamente inserida no universo do suporte original, mas que jamais soa como episódio estendido. O quebra-cabeça vai sendo montado, envolve grandes corporações e segredos militares, tornando-se o pilar que sustenta o filme.  – por Marcelo Müller

 

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Watchmen: O Filme (Watchmen, 2009)
Depois de anos em desenvolvimento, chegando ao ponto de se considerado “infilmável”, o projeto para levar às telonas a renomada graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons finalmente engrenou nas mãos de Zack Snyder. Mostrando um universo alternativo no ano de 1985, no auge da Guerra Fria, e acompanhando um grupo de super-heróis que se vê diante de uma possível conspiração contra eles, Watchmen mostrou-se uma adaptação fiel ao seu material original seja em termos de história ou de visual, com Snyder chegando a fazer planos idênticos aos quadrinhos. Mas o filme, obviamente, está aqui por um aspecto específico, e este é as cenas em que o Dr. Manhattan (vivido com sensibilidade por Billy Crudup) está exilado em Marte. Sendo um show de efeitos visuais e design de produção, as cenas se destacam pelas ótimas reflexões existencialistas de um dos melhores personagens do filme, que se cansa da humanidade na qual se sente deslocado graças a sua condição sobre-humana (“Estou cansado de ser pego no emaranhado de suas vidas”, ele diz se referindo as pessoas). São grandes momentos de uma adaptação que compreende seu material de origem e lhe dá vida brilhantemente no cinema. – por Thomás Boeira

 

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Perdido em Marte (The Martian, 2015)
A ficção-científica, para qualquer realizador que se aventure a conduzir uma, propõe de cara um desafio: a explicação. Tornar-se didático é uma isca fácil de morder, e como qualquer espectador sabe, dizer uma coisa não é tão interessante quanto mostrá-la. É aí que Perdido em Marte subverte a nossa expectativa e nos mergulha em uma narrativa construída em cima de, basicamente, duas horas e vinte minutos de exposição. O astronauta Watney (Matt Damon), deixado para trás em uma missão em Marte, tem que “usar a ciência até fazer bico” para que, com limitadíssimos recursos, sobreviva até o resgate chegar. Para tanto, através de vídeos de registro, ele vai explicar ao público constantemente o que e como está fazendo, assim como na Terra, os membros da NASA não vão se cansar de contar uns aos outros o que está se passando. Ponto negativo? Não! Assim como é mais divertido acompanhar uma perseguição de carros em que se sabe quem está onde, é muito fácil embarcar na tensão do longa de Ridley Scott quando entendemos e podemos presenciar a ciência que está acontecendo. Plausível até dizer chega, o filme sai do potencial de se tornar sombrio para se converter em uma aventura espacial magnética e empolgante. – por Yuri Correa

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