His Dark Materials :: T01 :: E01
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Jack Thorne
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Lyra's Jordan
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2019
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EUA / Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
Lyra é uma menina órfã que foge da universidade na qual mora para procurar um amigo desaparecido. Em sua jornada ela recebe ajuda de diversos personagens inusitados como romenos, ursos de armaduras e pilotos de balão enquanto desvenda um estranho complô para sequestrar crianças. Seu caminho vem a se cruzar com Will, um menino que descobre uma forma de viajar entre mundos.
His Dark Materials
His Dark Materials :: T03
His Dark Materials :: T02
His Dark Materials :: T01
Episódio | Data de exibição |
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His Dark Materials :: T01 :: E01 | 3/11/2019 |
Crítica
Assim como A Bússola de Ouro (2007) chegou aos cinemas com a missão de ocupar um espaço deixado vago por sagas como O Senhor dos Anéis, também a série His Dark Materials compartilha dessa mesma ambição, dessa vez se espelhando no sucesso de Game of Thrones (2011-2019). E se uma década atrás o embate se dava na tela grande, é a vez da obra de Philip Pulman se aventurar pela televisão, mas com toda a pompa e ostentação que os tempos modernos permitem. Afinal, por mais que o consenso a respeito do longa anterior aponte para uma experiência frustrante, o filme dirigido por Chris Weitz está longe de ser um fracasso – arrecadou mais do que o dobro do seu orçamento de US$ 180 milhões nas bilheterias e ainda faturou um Oscar, o de Melhores Efeitos Especiais. Por outro lado, os livros em que a trama mágica se baseia venderam milhões de exemplares ao redor do mundo, formando uma das trilogias – A Bússola de Ouro (1995), A Faca Sutil (1997) e A Luneta Âmbar (2000) – mas bem-sucedidas do gênero. A aposta, como se percebe, é alta. Mas a entrega, ao menos nesse episódio de estreia, deixou a desejar.
O que se viu no capítulo de estreia, Lyra’s Jordan, nada mais foi do que um prólogo já muito bem conhecido por qualquer um que tenha visto o filme (é melhor nem mencionar os livros). Sem a presença de Lin-Manuel Miranda (que deve integrar o elenco somente a partir da próxima semana), as atenções se voltaram para James McAvoy, como Lord Asriel (papel de que foi de Daniel Craig na versão cinematográfica), Ruth Wilson, como a Sra. Coulter (fazendo as vezes de Nicole Kidman) e, é claro, na pequena Dafne Keen, que após exibir toda a sua voracidade ao lado do protagonista de Logan (2017), busca resgatar seu viés mais infantil – mas não menos aventureiro – como Lyra Belacqua, aquela que é a verdadeira condutora da história. Nesta realidade fantasiosa, crianças estão sendo raptadas pelos Papões, figuras que até então acreditava-se existirem apenas nos contos de fadas. Alguém está por trás desses desaparecimentos. O que querem com elas? E, talvez ainda mais importante: por que Lyra não teve o mesmo fim?
No mundo aqui proposto, a alma dos seres humanos ganhou uma representação material, manifestando-se no formato de um animal falante que acompanha cada indivíduo, onde quer que ele vá. Essa ligação se dá com toda força no momento que em que meninos e meninas se transformam em adultos – e passam a ter contato com o Pó, como suspeita Lord Asriel. Essa hipótese é considerada uma heresia pelos membros do Magisterium, e vista com receio pelos catedráticos da Universidade. Em Oxford, onde Lyra foi criada, esconde-se também um segredo ainda maior: vista como órfã, estima-se que ela seja a criança a qual as profecias se referiam, aquela que será responsável por grandes mudanças no futuro. Aqueles que estão no poder, portanto, tem todos os motivos para temê-la. Mas se nada for feito a respeito, como essa ameaça poderá, enfim, se concretizar? A relação entre Lyra e Asriel, a quem ela chama de tio, não parece ser a mais próxima. E até mesmo figuras importantes, como o Reitor (Clarke Peters, de Três Anúncios para um Crime, 2017), não parecem dignas de confiança.
Nos últimos instantes, em que pouco foi revelado e tudo o que foi dito apenas reiterou fatos já conhecidos pelos iniciados, até a tal bússola dourada do título cinematográfico se manifesta, como o artefato capaz de revelar apenas a mais pura verdade. Ela deverá servir de guia moral para Lyra, que precisa encontrar seu único e melhor amigo (também sequestrado), ao mesmo tempo em que terá que aprender a discernir quem, de fato, merece sua aliança. “Não confio em ninguém”, lhe diz Asriel ao se despedir, rumo ao norte, onde acredita estar a maior das revelações. Dada a velocidade com que a garota se atira nos braços da sra. Coulter, fica claro que não aprendeu a lição. Como ainda restam sete capítulos, no entanto, é de se esperar que mais possa ser aprofundado, e a sensação de ver um ‘filme estendido’ se desfaça em breve. Falta muito para nos sentirmos em Westeros novamente. Mas com um pouco de boa fé, quem sabe essa carência não será amenizada?
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