8 set

Roma, de Alfonso Cuarón, ganha o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2018

O júri presidido pelo cineasta Guillermo del Toro – vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza do ano passado com A Forma da Água (2017) – escolheu Roma, do também mexicano Alfonso Cuarón como o grande vencedor de 2018 no evento italiano. O drama em preto e branco é o primeiro trabalho do cineasta desde que ganhou o Oscar pelo espacial Gravidade (2013), e se trata de uma produção da Netflix – a primeira da gigante do streaming a ser reconhecida com o prêmio máximo em um dos maiores festivais do mundo. “Este prêmio e este festival são incrivelmente importantes para mim”, afirmou Cuarón, que agradeceu ao produtor David Linde e ao presidente da Netflix, Ted Sarandos, em seu discurso ao receber o cobiçado troféu. Roma deve chegar aos cinemas de todo o mundo ainda neste ano, antes de que seja disponibilizado na plataforma de streaming.

Alfonso Cuarón, com o Leão de Ouro por Roma

Roma foi um dos primeiros longas da mostra competitiva deste ano a ser exibido. Ao todo, eram 21 títulos concorrendo. Del Toro afirmou, desde o começo, que não iria exercer nenhum tipo de campanha em favor do compatriota, e poucos suspeitam que isso tenha, de fato, influenciado a decisão final. O longa de Cuarón, afinal de contas, era um dos favoritos dos presentes em Veneza, e estava no topo da lista de vários críticos que participaram do evento. Além de Del Toro, integraram o júri oficial a atriz taiwanesa Sylvia Chang, a atriz dinamarquesa Trine Dyrholm, a atriz e diretora francesa Nicole Garcia, o diretor italiano Paolo Genovese, a diretora polonesa Malgorzata Szumowska, o cineasta neozelandês Taika Waititi, o ator austríaco Christoph Waltz e a atriz inglesa Naomi Watts.

Júri oficial da Mostra Competitiva do Festival de Veneza 2018

The Nightingale, de Jennifer Kent, o único dos competidores a ser dirigido por uma mulher, acabou levando dois troféus para casa: o Prêmio Especial do Júri e o de Revelação, para Bayakali Ganambarr. A melhor direção foi para o francês Jacques Audiard (o mesmo de Ferrugem e Osso, 2012, e Dheepan: O Refúgio, 2015), por The Sisters Brothers, enquanto que os melhores intérpretes foram o norte-americano Willem Dafoe, que deixou todos de queixo caído com sua composição como o pintor Vincent van Gogh em At Eternity’s Gate, e a inglesa Olivia Colman, como a rainha da Ana, da Inglaterra, em The Favourite. Os irmãos Joel e Ethan Coen foram reconhecidos como melhor roteiro por The Ballad of Buster Scruggs – este, também, uma produção da Netflix. Confira a seguir a lista completa de premiados do Festival de Veneza 2018:

MOSTRA COMPETITIVA
Leão de Ouro: Roma, de Alfonso Cuarón (EUA / México)
Grande Prêmio do Júri: The Favourite, de Yorgos Lanthimos (Grécia / Reino Unido)
Prêmio Especial do Júri: The Nightingale, de Jennifer Kent (Australia)
Leão de Prata de Melhor Direção: Jacques Audiard, por The Sisters Brothers (Reino Unido)
Copa Volpi de Melhor Atriz: Olivia Colman, por The Favourite (Grécia / Reino Unido)
Copa Volpi de Melhor Ator: Willem Dafoe, por At Eternity’s Gate (Reino Unido)
Melhor Roteiro: Joel e Ethan Coen, por The Ballad of Buster Scruggs (EUA)
Troféu Marcello Mastroianni de Revelação: Baykali Ganambarr, por The Nightingale (Australia)

MOSTRA ORIZZONTI
Melhor Filme: Manta Ray, de Phuttiphong Aroonpheng (Tailândia)
Melhor Direção: Emir Baigazin, por The River (Cazaquistão)
Prêmio Especial do Júri: The Announcement, de Mahmut Fazil Coskun (Turquia)
Melhor Atriz: Natalia Kudryashova, por A Man Who Surprised Everyone (Rússia)
Melhor Ator: Kais Nashif, por Tel Aviv on Fire (Israel)
Melhor Roteiro: Pema Tseden, por Jinpa (China)
Melhor Curta-metragem: Kado, de Aditya Ahmad (Indonesia)

LEÃO DO FUTURO
Melhor Filme de Estreia: The Day I Lost My Shadow, de Soudade Kaadan (Síria)

VENICE CLASSICS
Melhor Documentário: The Great Buster: A Celebration, de Peter Bogdanovich
Melhor Filme Restaurado: A Noite de São Lourenço (1982), de Paolo e Vittorio Taviani

COMPETIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL
Melhor Filme de Realidade VirtualSpheres, de Eliza McNitt
Melhor Experiência de Realidade VirtualBuddy VR, de Chuck Chae
Melhor História de Realidade Virtual: Isle of the Dead, de Benjamin Nuel

(Fonte: La Biennale di Venezia)

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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