Nesta quinta-feira, 21, chegou aos cinemas brasileiros a nova versão cinematográfica de Duna, um dos livros de ficção científica mais emblemáticos de todos os tempos. A superprodução de Denis Villeneuve traz um elenco estelar, toneladas de efeitos digitais e uma tentativa de revitalizar audiovisualmente essa história de reinos duelando por uma substância que pode elevar os níveis de consciência. Mas, antes mesmo de Villeneuve começar a dar seus passos famosos por Hollywood, outro grande realizador levou Duna para as telonas. Depois de uma tentativa frustrada do cineasta Alejandro Jodorowsky de transpor o livro para os cinemas – e que coisa linda poderia ser uma versão psicodélica do chileno, não? –, David Lynch foi incumbido da empreitada. Sim, um dos autores mais inquietantes do cinema mundial. Ele vinha do sucesso enorme de O Homem Elefante (1980) e aceitou encabeçar uma megaprodução nababesca que resultou numa jornada errática, repleta de problemas e contratempos. E o resultado não é dos melhores, realmente.

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David Lynch assina Duna (1984), embora não tivesse direito ao corte final, ou seja, a decidir o que entrava e o que não entrava na montagem. Mais adiante, o produtor italiano Dino de Laurentiis decidiu fazer outra versão do longa-metragem (que passou na TV e foi lançada em DVD, inclusive no Brasil). Como Lynch não era obrigado por contrato a validar essa nova versão, ela aparece creditada a um tal de Alan Smithee. Mas, afinal de contas, quem é Alan Smithee? Não se trata de um assistente, de um diretor de segunda unidade ou de algo que o valha. Alan Smithee é o pseudônimo utilizado para assinar um filme não reconhecido por seu autor. Para utilizar esse artifício, o reclamante precisava provar ao DGA (o sindicato dos diretores de Hollywood) que havia perdido completamente o controle criativo do filme. Ao todo, Alan está no crédito de mais de 100 filmes e episódios de séries de TV.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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