20180528 denis villeneuve papo de cinema

Tem muita gente “pistola” com a Warner Bros. O estúdio resolveu lançar simultaneamente nos cinemas e no HBO Max (serviço de streaming) seus filmes programados para 2021. De acordo com os mandatários da empresa, a medida atende à projeção de pouca frequência nos cinemas no ano que vem por conta dos efeitos da pandemia do Covid-19. Mesmo com as vacinas no horizonte, é sabido que não será do dia para noite que as coisas voltarão (se é que voltarão) ao normal de antes. Enfim, o mais novo descontente com isso é o cineasta canadense Denis Villeneuve, o homem por trás da nova versão de Duna. Ele externou toda a sua indignação num artigo publicado na revista norte-americana Variety no qual, entre outras coisas, acusou a Warner Bros. de traição e de potencialmente com isso matar a nova franquia que poderia acontecer a partir do livro mais cultuado do escritor Frank Herbert.

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“Com esta decisão, a AT&T sequestrou um dos estúdios mais respeitáveis ​​e importantes da história do cinema. Não há absolutamente nenhum amor pelo cinema, nem pelo público. É tudo sobre a sobrevivência de um mamute das telecomunicações que atualmente tem uma dívida astronômica de mais de US $ 150 bilhões (…) A produção de filmes é fruto de um processo colaborativo, que depende da confiança num trabalho em equipe e (com essa decisão) a Warner Bros. declarou que não está mais na equipe”, Escreveu Villeneuve “pistolaço”. Ele segue: “Os serviços de streaming são uma adição positiva e poderosa aos ecossistema. Mas quero que o público entenda que o streaming sozinho não pode sustentar a indústria cinematográfica como a conhecíamos antes do COVID. O streaming pode produzir ótimo conteúdo, mas não filmes do escopo e escala de Duna. A decisão da Warner significa que Duna não terá a chance de ter um desempenho financeiro para ser viável e a pirataria acabará triunfando”.

“A segurança do público vem em primeiro lugar. Ninguém discute isso. Quando ficou claro que o inverno traria uma segunda onda da pandemia, entendi e apoiei a decisão de atrasar o lançamento de Duna por quase um ano. O plano era estrear nos cinemas em outubro de 2021, quando as vacinas seriam avançadas e, com sorte, o vírus estaria acabado. A ciência nos diz que tudo deve voltar ao normal no próximo outono. Duna é de longe o melhor filme que já fiz. Minha equipe e eu dedicamos mais de três anos de nossas vidas para torná-la uma experiência única na tela grande. A imagem e o som foram meticulosamente pensados ​​para os cinemas. Estou falando em meu próprio nome, embora seja solidário com os outros dezesseis cineastas que agora enfrentam o mesmo destino. Saibam que estou com vocês e que juntos somos fortes. Os artistas são aqueles que criam os filmes e as séries”.

Denis Villeneuve acaba seu inflamado artigo solicitando que a empresa aja rapidamente para proteger toda uma cadeia do impacto econômico dessa decisão por ele considerada irresponsável.

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“Duna” é um dos filmes que fazem parte dessa nova forma de distribuição
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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