Chegamos para apresentar a nossa análise sobre outra categoria do Oscar embolada. Foi uma missão difícil apontar apenas um favorito, uma vez que praticamente todos os concorrentes têm se alternado nas bolsas de apostas como o principal candidato a levar para casa uma das estatuetas técnicas mais relevantes de Hollywood. E o que torna mais difícil ainda de prever os resultados é a existência de três premiações precursoras da área: Motion Picture Sound Editors, a Cinema Audio Society e a Association of Motion Picture Sound. Cada uma dessas premiações é dividida em vários segmentos (como edição e mixagem, por exemplo). Portanto, não se trata apenas de compreender um vencedor como franco favorito, mas de tentar imaginar como o colegiado da Academia no segmento vai pensar tendo de votar em apenas um dos cinco trabalhos. Sem mais delongas, vamos às previsões na categoria Melhor Som.

INDICADOS

  • Nada de Novo no Front, de Viktor Prášil, Frank Kruse, Markus Stemler, Lars Ginzel, Stefan Korte
  • Avatar: O Caminho da Água, de Julian Howarth, Gwendolyn Yates Whittle, Dick Bernstein, Christopher Boyes, Gary Summers, Michael Hedges
  • Batmande Stuart Wilson, William Files, Douglas Murray, Andy Nelson
  • Elvisde David Lee, Wayne Pashley, Andy Nelson, Michael Keller
  • Top Gun: Maverick, de Mark Weingarten, James H. Mather, Al Nelson, Chris Burdon, Mark Taylor

 

FAVORITO
Nada de Novo no Front
Um filme de guerra, no qual o som desempenha claramente uma função narrativa fundamental. Está em vantagem. Talvez seja reducionismo pensar assim, afinal de contas há trabalhos excepcionais de som menos “chamativos” e evidentemente influentes. No entanto, Nada de Novo no Front vem angariando conquistas importantes rumo ao Oscar de Melhor Som. Ganhou o prêmio Excelência em Som de Longa-metragem da Association of Motion Picture Sound (é o primeiro filme não norte-americano a ganhar tal honraria), foi lembrado pela Cinema Audio Society e também pela Motion Picture Sound Editors (prêmio de filme em língua estrangeira). Portanto, está concorrendo a praticamente tudo, já tendo levado ao menos uma estatueta importante. Isso tudo nos faz colocar o filme alemão como o grande favorito a levar o careca dourado para casa.

AZARÃO
Top Gun: Maverick
Se não tivéssemos no páreo um concorrente tão forte como Nada de Novo no Front, poderíamos considerar Top Gun: Maverick como o principal destaque entre os indicados. Figurante em todas as disputas das associações indicativas da área, o longa-metragem que marca o retorno de uma mitologia vinda da nostalgia oitentista tem realmente um trabalho de som belíssimo, reconhecido com o troféu de Edição de Som no Motion Picture Sound Editors. Portanto, não será nenhuma surpresa se Top Gun: Maverick desbancar o ligeiro favoritismo de seu adversário alemão e arrebatar essa importante estatueta no Oscar 2023.

SURPRESA
Batman
Aqui utilizamos o mesmo critério para definir a surpresa da categoria Melhor Fotografia: não é necessariamente surpreendente que Batman esteja entre os indicados, mas talvez o longa-metragem da DC seja aquele que menos tem chance de virar o jogo contra o(s) favorito(s) num ano tão disputado. O filme do Homem-Morcego disputa Melhor Mixagem no prêmio do Cinema Audio Society e foi indicado a duas categorias no do Motion Picture Sound Editors (Edição/Diálogos, Edição/Foley). Resultados relevantes, mas insuficientes para dar esperança de que essa estatueta escape das mãos de Nada de Novo no Front ou Top Gun: Maverick. Stuart Wilson, William Files, Douglas Murray e Andy Nelson nem precisam escrever seus discursos de vencedores para deixar em stand by ou será prudente providenciar em caso de uma zebra enorme?

ESQUECIDO
Pinóquio por Guillermo Del Toro
É preciso, de uma vez por todas, valorizar a animação. Muita gente ainda repete por aí que o suporte é mais adequado a histórias infantis, não indo muito longe disso, assim demonstrando ignorância quanto às possibilidades dessa arte fascinante e complexa. Seria lindo termos Pinóquio por Guillermo Del Toro indicado nesta categoria, um filme que ganhou a estatueta de Edição de Som em Filme Animado no Sound Editors Awards e indicado ao prêmio de Mixagem de Som pela Cinema Audio Society. Uma pena que essa belíssima nova versão de uma história clássica tenha ficado pelo caminho e não figurado aqui entre os postulantes ao Oscar de Melhor Som. É o que estamos dizendo em outros artigos dessa leva: Academia, melhore.
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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