Desgraçado o povo que não tem memória. Aliás, quantas vezes você já viu alguém se referir ao brasileiro como “um povo sem memória”? Estamos há algum tempo acompanhando a situação dramática da Cinemateca Brasileira, um dos mais importantes repositórios da nossa história audiovisual. Completamente abandonada pelo governo federal, a instituição segue fechada, a despeito dos apelos de profissionais da área e pessoas relacionadas especificamente ao âmbito da preservação. Agora surge uma informação absolutamente alarmante, embora em nada surpreendente. De acordo com o jornalista Ricardo Feltrin, fontes vinculadas à instituição, que não quiseram se identificar, relatam que há um processo de deterioração avançado em vários exemplares do acervo depositado no prédio atualmente fechado.

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Ainda segundo Feltrin, entre 600 e 1000 filmes podem ter suas matrizes perdidas completamente. Lembrando que a Cinemateca Brasileira tem catalogados cerca de 90 mil filmes, de diferentes épocas, formatos e metragens. Parte desse acervo é feita de um material que, além de altamente combustível, “vinagra” sem a manutenção adequada e o armazenamento na temperatura indicada. O material basicamente se desintegra aos poucos por conta das ações naturais do tempo. Ainda que parte desse conteúdo esteja digitalizado, o suporte original pode realmente ter se perdido para sempre, o que é uma lástima de valores incalculáveis somada a outras que dizem respeito às políticas desgovernadas. Na melhor das hipóteses, estima-se que a Cinemateca Brasileira possa ser reaberta em agosto.

Manifestação S.O.S. Cinemateca
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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