Hunters :: Série sobre caçadores de nazistas com Al Pacino é criticada pelo Memorial Auschwitz

Lançada no Amazon Prime às vésperas do Carnaval, em 21 de fevereiro, a série Hunters tem conquistado elogios da crítica especializada, ao retratar a saga de um grupo de sobreviventes do Holocausto que se dedica a localizar nazistas fugitivos que se esconderam nos Estados Unidos, dispostos a lá estabelecer o Quarto Reich. O que seus criadores não esperavam era que o Memorial Auschwitz criticasse o programa.

A acusação é pontualmente acerca da cena do xadrez humano, em que nazistas colocam judeus em um tabuleiro e, à medida que cada peça é eliminada do jogo, a pessoa que a representa é morta. “Auschwitz está repleto de momentos de dor e sofrimento horríveis, documentados em tantos sobreviventes. Inventar um jogo falso de xadrez humano em Hunters não é apenas uma tolice perigosa e caricatural. Isto também acolhe pessoas que negam o que aconteceu. Nós honramos as vítimas preservando a precisão factual.”

Auschwitz was full of horrible pain & suffering documented in the accounts of survivors. Inventing a fake game of human chess for @huntersonprime is not only dangerous foolishness & caricature. It also welcomes future deniers. We honor the victims by preserving factual accuracy. pic.twitter.com/UM2KYmA4cw

— Auschwitz Memorial (@AuschwitzMuseum) February 23, 2020

Em comunicado oficial, o showrunner David Weil se defendeu das acusações, lembrando que sua avó foi uma das sobreviventes de Auschwitz e, após visitar o local anos atrás, decidiu que era hora de dar sua contribuição para evitar que o extermínio ocorrido pelos nazistas se repetisse. “Hunters é inspirado em histórias reais, mas não é um documentário. E nunca teve a proposta de ser. Ao criar a série, era mais importante para mim considerar o que acredito ser a pergunta final e o desafio de contar uma história sobre o Holocausto: como faço isto sem assumir a vida ou experiência de alguém em específico?”

Weil revelou que teve o cuidado de colocar todos os prisioneiros vistos em cena com a tatuagem de um número fictício, justamente para que não coincidisse com o de alguém que realmente esteve em Auschwitz. “Não queria que um dos nossos personagens tivesse o número de uma vítima ou sobrevivente reais, assim como não queria representar alguém ou emprestar uma experiência alheia. Esta foi a responsabilidade que trouxe para mim a cada dia e noite por anos, enquanto estive escrevendo, produzindo ou editando esta série.”

O showrunner também não se furtou a responder sobre a polêmica sequência do xadrez humano: “Por que achei que esta cena era importante para a série? Para combater com mais força a narrativa revisionista que anula o que foi feito pelos nazistas, mostrando de forma extrema o sadismo e a violência empregados contra os judeus e outras vítimas. E por que achei que devia criar um evento ficcional ao invés de usar tantos horrores reais que existiram? Primeiro, é verdade que os nazistas praticaram atos generalizados de sadismo e tortura – até mesmo jogos cruéis – contra suas vítimas. Eu apenas não queria descrever atos específicos ocorridos diante deste trauma.”