A noite deste domingo, 21, foi marcada pela exibição de gala no Festival de Cannes de Firebrand, primeiro longa-metragem falado em inglês do cineasta brasileiro Karim Aïnouz. E a recepção foi bastante calorosa para essa história centrada na última esposa do célebre rei Henry VIII da Inglaterra. A imprensa internacional relatou que a produção foi aplaudida por cerca de oito minutos e meio depois de seu encerramento. Críticas já publicadas mundo afora destacam a potência da interpretação de Alicia Vikander como um dos grande trunfos do concorrente à Palma de Ouro, honraria principal do evento francês. Será que Firebrand tem fôlego para levar o prêmio? E o realizador cearense estava bastante emocionado ao agradecer a recepção e dar vivas ao presidente do Brasil, Lula, como resposta à presidência anterior que remou contra a maré do desenvolvimento do cinema no Brasil.

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Karim, Vikander e Law. Foto/ foto: Valery Hache/AFP

Depois de agradecer a plateia, seus astros (VikanderJude Law), ele emendou: “Viva o Brasil, viva o cinema brasileiro, viva o Lula”. Às vésperas da estreia do longa-metragem em Cannes, Karim Aïnouz mencionou que, curiosamente, Firebrand era fruto de uma espécie de exílio em terras estrangeiras (do ponto de vista da produção) por conta da escassez de incentivos ao cinema no Brasil durante o (des)governo Jair Bolsonaro, de quem foi um ferrenho detrator. Diante das dificuldades em sua terra de origem, ele decidiu aceitar uma das várias propostas que tinha para comandar seu primeiro filme internacional, cujo tema não considera anacrônico. Segundo ele, era preciso excluir a veneração à realeza: “Houve uma coroação agora há pouco, mas para mim o rei Charles é um cara igual a qualquer outro. Essa falta de reverência me ajudou muito, porque fez com que me aproximasse dos personagens. Eles deixaram de ser só um quadro bonito”, afirma em matéria publicada pelo jornal O Estado de Minas.

Quando perguntado sobre os motivos que levaram um brasileiro a se interessar pela história da monarquia britânica, ele disse: “A questão é, ao contrário, por que não? Quando os norte-americanos filmaram a vida de Cleópatra ninguém fez esta pergunta a eles” e emendou “para mim, esse filme é como uma canção contra o patriarcado. Não só devemos acabar com ele, temos que matá-lo”.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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