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Roman Polanski, Woody Allen, Michael Fassbender, Christian Bale, Mel Gibson e, mais recentemente, Casey Affleck e Nate Parker. Além de serem bem-sucedidos em Hollywood, reconhecidos pelo público e crítica em suas realizações e indicados ou vencedores de prêmios como o prestigiado Oscar, eles possuem algo a mais em comum: todos foram acusados de abusos (sexuais, físicos, psicológicos) contra mulheres.

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Enquanto alguns permanecem com suas imagens maculadas pelas alegações, outros já foram perdoados e seus crimes esquecidos. Esses tópicos se tornaram mais frequentes com o anúncio dos indicados ao Oscar 2017: Affleck e Gibson receberam nomeações por seus trabalhos em Manchester à Beira-Mar (2016) e Até o Último Homem (2016),  respectivamente, mas Parker foi massivamente ignorado pelo antes elogiadíssimo e sensação em Sundance O Nascimento de uma Nação (2016).

Existem muitas possibilidades envolvidas para justificar a diferenciação nos tratamentos midiáticos, públicos e até mesmo pela Academia para os envolvidos na atual polêmica, sendo o primeiro deles um infelizmente simples e recorrente que ecoa o protesto #oscarsowhite do ano passado: racismo. Também é de se atentar que Gibson e Affleck possuam carreiras mais sólidas e longevas em Hollywood, sendo o primeiro já muito premiado e protagonista de franquias de sucesso enquanto o segundo, se não é prestigiado pelas mesmas particularidades, permanece à sombra protetora do irmão Ben Affleck.

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O que singulariza o trio também está nas acusações que cada um recebeu. O único formalmente acusado de um crime foi Nate Parker que, em 1999, então estudante universitário, foi indiciado e absolvido por estupro. Entre o turbilhão de protestos e repúdios públicos contra o ator e cineasta, sua situação se tornou ainda mais delicada quando a vítima do abuso cometeu suicídio no verão norte-americano de 2016, época em que ele e o caso receberam atenção midiática massiva, maior ainda que aquela dedicada ao seu filme.

Casey Affleck, por sua vez, durante as gravações do falso-documentário Eu Ainda Estou Aqui (2010), teve que responder por dois processos de abuso sexual, movidos por sua então diretora de fotografia e produtora. Após assumir as acusações e definir um acordo estimado em 2 milhões de dólares, a situação se aquietou. Também em 2010, Mel Gibson, que já possuía um histórico de declarações infelizes e antissemitas, foi denunciado por violência doméstica contra sua então esposa, Oksana Grigorieva.

Existem ainda outras inúmeras razões que podem ter motivado o boicote à O Nascimento de Uma Nação (2016) e Parker. O posicionamento do realizador com a imprensa foi muito diferente ao de Affleck, por exemplo; enquanto o primeiro desviava de sua culpa sobre o ocorrido e pedia atenção ao seu filme, o segundo assumiu, se desculpou e nunca se recusou a falar sobre o ocorrido. Sua assessoria de imagem e relações públicas também se saíram melhor, evidentemente; Mara Buxbaum, que representa o sempre controverso Sean Penn, trabalhou para Affleck nas funções.

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Timing ainda deve ser considerado, já que Parker enfrentou o ódio público às vésperas da temporada de prêmios em Hollywood e logo após o lançamento de seu primeiro longa-metragem como diretor. A mácula em sua carreira, assim como na de Affleck e Gibson, permanecerá sempre associada à sua arte; Roman Polanski que o diga, que a cada novo trabalho ou presença em evento se torna alvo de críticas e boicotes.

Caso saiam laureados do Oscar na noite de 26 de fevereiro, Mel Gibson e Casey Affleck devem eclipsar ainda mais a imagem negativa com o dourado de suas estatuetas. Nate Parker, desta vez, não terá tal oportunidade.

(Fonte: Redação PdC)

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