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Music (2021) chegou cercado de expectativas, afinal de contas se tratava do primeiro passo como cineasta da cantora Sia. No entanto, as críticas foram geralmente implacáveis, especialmente quanto ao retrato estereotipado da personagem autista que, aliás, foi interpretada por uma atriz que não está no espectro.“O filme vem sendo bastante criticado, inclusive, pela representação caricatural de uma pessoa com esse transtorno neurológico. Para entrar especificamente nessa seara, seria necessário conhecimento prévio e consistente das  incontáveis minúcias do autismo. No entanto, é evidente que os trejeitos da atriz Maddie Ziegler reforçam uma preconcepção da condição, o que certamente se encarrega de reforçar determinados ruídos galvanizados no imaginário comum. É preciso, ao menos, refletir sobre essa opção diretiva, entender como gerar esse retrato”, conforme consta na nossa crítica (que pode ser lida na íntegra aqui). Pois bem, Sia veio a público dizer que precisou de ajuda pelo acúmulo de bordoadas que ela tomou por ter dirigido Music.

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Num recente artigo sobre a comediante Kathy Griffin para o jornal The New York Times, Sia afirmou que Griffin salvou sua vida após uma crise provocada pelas críticas a Music: “Tenho tendências suicidas, naquele momento tive uma recaída e precisei voltar à reabilitação. Ela salvou a minha vida”. Ainda durante a produção de Music, Sia disse que suas tentativas de trabalhar com uma atriz autista foram “desagradáveis e frustrantes”, segundo ela pela complexidade das coreografias e do trajeto emocional que a menina teria de cumprir. Ela chegou a incluir um aviso antes do filme, tendo em vista a enxurrada de críticas negativas recebidas posteriormente: Music não recomenda o uso de contenções para pessoas autistas. Há terapeutas especialistas no processo sensorial, quem podem ser consultados para explicar caminhos seguros para terapias de alta pressão para ajudar nos colapsos”. Vale lembrar que Music, recebeu os prêmios da Framboesa de Ouro 2021 de pior direção, pior atriz (Kate Hudson) e pior atriz coadjuvante (Maddie Ziegler).

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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