Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
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Duncan Jones
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Warcraft
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2016
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EUA / China / Canadá / Japão
Crítica
Leitores
Sinopse
Orcs e humanos entram em conflito tão logo tenham o primeiro contato. A isso se segue uma batalha sangrenta.
Crítica
Quando a Blizzard anunciou que pretendia levar o videogame Warcraft para às telas em um grande e audacioso projeto cinematográfico, um dos primeiros interessados em comandar o projeto foi o diretor Uwe Boll. Considerado “a resposta alemã à Ed Wood” (apontado por muitos como o pior cineasta de todos os tempos) e premiado com a Framboesa de Ouro de Pior Direção por Postal (2007), Em Nome do Rei (2007) e Tunnel Rats (2008) – prêmio conjunto pelos três filmes – Boll recebeu como resposta da produtora que “não iremos vender os direitos de filmagens, não para você... especialmente não para você”! Ou seja, para meio entendedor, imaginava-se que os cuidados seriam intensos para que o produto final estivesse à altura das expectativas. Infelizmente, não é o que acontece.
Quem acabou assumindo a bronca foi Duncan Jones, mais conhecido por ser filho do saudoso David Bowie do que por seus trabalhos anteriores, os interessantes, porém subestimados, Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011). Estes dois filmes se ambientavam no universo da ficção científica, porém uma bastante realista e com uso escasso de efeitos especiais. Por isso é curioso vê-lo à frente agora de uma superprodução como Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos, que teve orçamento estimado de quase US$ 200 milhões. Além disso, os “dois mundos” ao qual o título se refere são os dos Homens e os dos Orcs – esses, no entanto, criados inteiramente por animação digital, sem o uso de máscaras ou maquiagens. É um nível de construção impressionante, porém ao mesmo tempo absolutamente artificial e inverossímil. Ainda mais após um ano em que vimos recentemente longas como Mogli: O Menino Lobo (2016) – igualmente feito por inteiro por computador – fica complicado seguir se admirando por algo que não chega nem mesmo aos pés do naturalismo já alcançado em outras ocasiões.
No mundo mágico de Azeroth, os Homens, que há séculos viviam em paz ao lado de outras espécies, como os Anões e os Elfos, precisam de uma hora para outra lidar com um inesperado inimigo: os Orcs, que chegam até eles através de um portal místico. O líder destes, Gul’dan, afirma tal batalha ser necessária para a existência da espécie, mas na verdade há algo escondido por trás de suas intenções: dominado pela feitiçaria negra, ele precisa seguir consumindo a energia vital de outros seres para seguir vivo e poderoso. Os demais orcs, portanto, ignorantes deste fato, acabam sendo ludibriados por aquele que deveria defendê-los e usados como bala de canhão em um confronto do qual não parecem ter maiores interesses em participar.
O primeiro a perceber que algo pode estar errado é Durotan (Toby Kebbell), ele próprio líder de um clã de orcs. Será ele que decidirá ir contra às ordens que recebe e, por isso, pagará um alto preço. Do lado dos Homens, o guerreiro Anduin (Travis Fimmel, inexpressivo) estará pronto para assumir a defesa, enviado pelo rei Llane (Dominic Cooper, substituindo Colin Farrell) e sob as orientações do mago Medvh (Ben Foster, exagerado). Mas a força da magia negra pode ser mais intensa do que imaginam, e ninguém estará imune à ela – ou ao que ela pode fazer àqueles mais sedentos pelo poder que proporciona. Neste embate, a mestiça Garona (Paula Patton), filha de uma mulher com orc, poderá ser a chave para enfim desvendar o mal que assombra a sobrevivência das duas espécies e oferecer alguma luz ao futuro que ambos poderão desenhar em conjunto.
Warcraft, como se pode antever por sua sinopse, é uma grande mistura de vários outros universos similares já vistos antes. A principal influência, obviamente, são as criações de J. R. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis e O Hobbit. É tudo tão calcado nestas propostas que é de se perguntar o que de original esse novo filme tem a oferecer. Para continuar, personagens com os quais o espectador tenderá a se identificar serão descartados sem a menor cerimônia, quebrando o desenrolar da narrativa, ao mesmo tempo em que as possíveis reviravoltas são tão óbvias que podem ser previstas com bastante antecedência. O bolo desanda mesmo quando percebemos que o subtítulo nacional – O Primeiro Encontro de Dois Mundos – é tão absurdo e falso quanto todo o resto: afinal, se uma personagem é fruto da união dos Humanos com os Orcs, já houve um outro encontro antes, certo? Assim, entre uma proposta desgastada e personagens estereotipados, tem-se mais uma aventura genérica e sem força para se comunicar além daqueles já iniciados – ou seja, os fãs do jogo virtual. E se o interesse era apenas pregar entre os já convertidos, todo esse esforço poderia ter sido poupado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Chico Fireman | 4 |
MÉDIA | 4 |
O mago confessou à mestiça que uma mulher abriu novas perspectivas a ele e quando questionado o motivo de não ficar com ela, fez mistério. Ele pode ser o pai de Garona, sem que os mundos se encontrassem.