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Sinopse

Depois que suas fichas são trocadas numa agência de talentos, dois artistas com aptidões muito diferentes precisarão se adaptar às novas realidades.

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Bem que dizem que, se está cansado de esperar que alguém mude algo, o melhor é se levantar e fazer você mesmo. Pois foi o que fez Jeffrey A. Johns. Segundo ele, assim que aprendeu a andar e falar, também começou a dançar e cantar. E ainda que tenha tentado atuar em curtas-metragens, feito pequenas participações em produções maiores e buscado espaço no teatro, ele decidiu que nada estava lhe adiantando ficar no aguardo de uma oportunidade melhor. Por isso tomou as rédeas dos acontecimentos. Escreveu o roteiro, escolheu a si próprio como protagonista e foi atrás de quem o apoiasse na realização de seu primeiro filme. Porém, se isso lhe garante um reconhecimento pelo empreendedorismo, ao mesmo tempo não é garantia alguma de que Waiting in the Wings: The Musical esteja à prova de críticas mais severas. O que, definitivamente, é o caso.

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A trama, aparentemente, assemelha-se bastante com a vivida pelo autor. Johns interpreta o ingênuo Anthony, que deixa a pequena Montana para trás para tentar a sorte em Nova York ao ser aprovado em um concurso online para um grande musical na Broadway. Esta, aliás, era a primeira das tarefas de sua lista de sonhos a serem realizados, o bastante, portanto, para motivá-lo a assumir tamanho risco. O namorado – que prefere ser chamado de “amigo” – decide ficar, não sem antes alertá-lo de todos os perigos da cidade grande. Mas como diz o ditado, ‘quem não arrisca, não petisca’. É mais ou menos o que acontece com Tony (Adam Huss, de títulos LGBT como Is It Just Me?, 2010, e The Brothers Sinclair, 2011), um stripper heterossexual que ambiciona ser a próxima estrela de um grande show de nu masculino. Acontece que ambos os projetos – o musical e o strip – são do mesmo produtor, que em uma confusão qualquer acaba trocando as fichas dos dois candidatos. Assim, Anthony – magro, branquela e baixinho – é enviado para dançar e tirar a roupa entre galãs sarados e muito mais desprendidos, enquanto que Tony se vê em cima do palco sendo obrigado não apenas a mexer os quadris, mas também a ousar novas coreografias e exercer seus talentos vocais.

Como se pode imaginar de antemão pela rápida sinopse aqui descrita, Waiting in the Wings é uma comédia de erros, e sua graça provém quase que exclusivamente das trapalhadas provocadas pela óbvia troca. O roteiro de Johns e a direção de Jenn Page (do religioso Próximo a Deus: A Jornada de Jessica, 2012) são cientes do fato, e se esforçam ao máximo para que este não seja um filme de uma única piada – algo que, é preciso confessar, nem sempre conseguem. E se por um lado acompanhar Tony bancando o bissexual para ser ajudado tanto pela estrela da montagem (Rena Strober) quanto pelo astro gay (Ethan Le Phong) rapidamente demonstra cansaço, a criatividade de Johns em fazer seu personagem se dar bem em um ambiente de luxúria e sensualidade muitas vezes provoca mais graça do que propriamente tesão. Mas se tudo parece bastante previsível, alguns elementos acabam surpreendendo. Um deles é a participação de Blake Peyrot, que ao surgir como Lee, o gostosão que acaba se apaixonando pelo frágil protagonista, revela uma insuspeita delicadeza. E se as participações especiais de Christopher Atkins (o belo de A Lagoa Azul, 1980) e de Sally Struthers (Cada um vive como quer, 1970) decepcionam, ao menos Lee Meriwether (a Mulher-Gato de Batman: O Homem Morcego, 1966), como a senhora que apoia nossa estrela desde o princípio, e Shirley Jones (vencedora do Oscar por Entre Deus e o Pecado, 1960), que surge como ela própria em uma versão ‘diva’, garantem momentos de maior brilho.

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Waiting in the Wings é eficiente em sua brincadeira com o gênero musical, com número envolventes – o primeiro, “I’m a Disney Whore”, é hilário – e entretém dentro dos limites a que se propõe, usando os clichês a seu favor e sem exigir nada além do seu público-alvo: gays e apaixonados pelos grandes espetáculos musicais. E se até mesmo uma continuação – Waiting in the Wings: Still Waiting, que deve ser lançada ainda em 2016 – já foi confirmada, é sinal que Johns parece estar no caminho certo. Afinal, ele pode permanecer independente, mas dentro do que se propõe o resultado é satisfatório, dinâmico e romanticamente cômico. Mesmo estando ainda que um tanto longe da visão mainstream que todos assim como ele parecem ambicionar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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