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Sinopse

Diana está atolada em dívidas quando o cartão de crédito de um homem acidentalmente cai em suas mãos. Porém, para utilizar o cartão ela precisará assumir a identidade de seu dono. 

Crítica

O que fazer quando você chega ao cinema pronto para rir por pouco menos de duas horas, sem compromisso algum com profundidade de roteiro, atuações incríveis ou uma direção esplendorosa, se no fim da sessão foram apenas duas ou três risadas forçadas – e de constrangimento ainda por cima? É isto o que acontece quando Uma Ladra Sem Limites chega ao seu clímax. Uma decepção total por algo que já nem se esperava muito. E olha que pré-requisitos até tinha para sair algo decente: o diretor, Seth Gordon, é o mesmo do divertido Quero Matar Meu Chefe (2011) e a estrela do filme é a simpática Melissa McCarthy, que chegou a ser indicada ao Oscar do ano passado por sua hilária participação em Missão Madrinha de Casamento (2011).

O pior de tudo é que a trama tem um argumento interessante. Melissa é uma ladra de identidades que vive às custas de seus trambiques com cartões de créditos alheios. Em um destes roubos de personalidade ela “toma emprestado” o nome de Sandy Patterson (Jason Bateman), um pai de família que espera com a esposa (Amanda Peet, em participação totalmente desperdiçada) o nascimento de seu terceiro filho, ao mesmo tempo em que está de mudança para um emprego novo e as contas só aumentam. Após descobrir o rombo na conta, o verdadeiro Sandy vai a outro estado atrás de sua contraparte gatuna para levá-la à prisão. É claro que ambos vão ficar amigos, mas o modo como isto acontece é forçado, levando a situações estúpidas como a ladra ter que fugir de traficantes em busca de uma dívida e até de um caçador de recompensas caipira (Robert Patrick, caricato, mas divertido no pouco que aparece).

Uma das piores falhas do roteiro é utilizar a ladra do título em cenas que tentam dar respaldo à sua personalidade de uma quase cleptomaníaca. Óbvio que o espectador precisa simpatizar com ela, mas não a ponto de sentir pena. Pois é isto o que acontece. A personagem de Melissa é uma loser total na vida: não sabe quem são seus pais, não tem um amigo sequer e mora sozinha num apartamento cheio de objetos repetidos (como dois micro-ondas, um em cima do outro). E é em cenas como a festa em que ela paga bebida para todo mundo que a incoerência aparece de forma mais absurda: é realmente necessário que o dono do bar diga, em alto e bom tom, que as pessoas só gostam dela quando a própria banca todo mundo? É de questionar, sem razão alguma, a inteligência do público no outro lado da tela, que não precisa de uma frase pronta para pensar da mesma maneira.

Jason Bateman continua com sua cara de “cara nenhuma” que ele tanto gosta de levar a outros filmes do gênero. Já Melissa, de quem se esperava mais, acaba por entrar no piloto automático e não lembra nem um pouco a impagável Megan do já citado Missão Madrinha de Casamento ou suas cativantes personagens de seriados como Gilmore Girls, Samantha Who? ou Mike & Molly. Só nos momentos mais dramáticos (e fora de hora) que sua atuação fica mais consistente – e olhe lá. São dois roteiristas no filme e eles não entram em harmonia em nenhum momento, pois a história muda da água pro vinho, realçando bem o trabalho de cada um, num show de dar vergonha até aos fãs das comédias mais absurdas (eu, inclusive). É melhor economizar dinheiro ou procurar outra sessão com algo, ao menos, agradável.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Grade crítica

CríticoNota
Matheus Bonez
2
Francisco Carbone
1
MÉDIA
1.5

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