Crítica


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Sinopse

Uma empresa deseja construir um mercado no lugar onde fica uma escola. Os alunos recebem a notícia com revolta, e decidem se movimentar para que isso não aconteça.

Crítica

Antes de mais nada, um aviso aos desavisados: Uma Escola Atrapalhada não é um filme dos Trapalhões. Pelo menos, não como a grande maioria das produções estreladas pelos saltimbancos humoristas Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Os verdadeiros protagonistas desta aventura cômica, ambientada num colégio interno carioca e dirigida por Antonio Rangel, são Supla e Angélica. Sim, a Angélica do “Vou de Táxi” e apresentadora televisiva, e Supla, o oxigenado que se refere aos outros pela alcunha de Papito, filho dos políticos Eduardo e Marta Suplicy.

Na posição de coadjuvantes, os Trapalhões aparecem apenas em uma ou duas gags que não integram devidamente o enredo principal de Uma Escola Atrapalhada, e somente Didi tem um personagem de maior relevância. No entanto, ele sai de cena de repente e retorna apenas no fim do filme, num momento pretensamente metalinguístico difícil de convencer. A ausência dos clássicos personagens é sentida, uma vez que os responsáveis pela graça que o filme deveria ter não possuem carisma ou química suficientes. Dona Alma (Jandira Martini) e seu antagonista, o Inspetor Anselmo (Ewerton de Castro), que o digam. Quem se sobressai entre os veteranos é Fafy Siqueira, como a incorrigível zeladora que procura um amor e que vez ou outra dispara pérolas politicamente incorretas, como quando um aluno desvia de sua investida erótica e ela logo grita: “Bicha!”.

O elenco jovem apresenta algumas estrelas nacionais do início dos anos 1990 e até conta com os membros da banda Polegar como coadjuvantes, que na verdade estão ali apenas para apresentar uma música no encerramento do longa. A performance inclusive é anunciada pelo professor de música da escola, Chopin Luís, interpretado por Gugu Liberato (!). Supla e Angélica também ganham alguns minutos para protagonizarem números musicais com seus hits da época, em estranhas interrupções na narrativa que hoje servem apenas para amplificar os momentos “vergonha alheia” da produção. Curiosamente, uma das melhores performances (ainda que muito afetada) da comédia é a de Selton Mello, aqui em sua estreia nos cinemas. Numa nota triste, o filme é dedicado ao humorista Zacarias, que aqui faz sua última incursão pelos cinemas antes de falecer.

Centrado no carisma de uma jovem Angélica, na época apresentadora do Clube da Criança, da hoje extinta Rede Manchete, Uma Escola Atrapalhada se apoia no sucesso das comédias adolescentes norte-americanas do fim dos anos 1980 e, principalmente, no eco deixado por John Hughes e suas agridoces desventuras juvenis. Bullying e gravidez na adolescência são alguns dos temas mais sérios que aparecem na trama, mas logo são suprimidos por disputas entre garotos e garotas, romances mais rápidos que o tempo de cozimento de um miojo e outros dilemas típicos da adolescência burguesa brasileira. Assim como acontece com a maioria dos filmes dos Trapalhões, a sessão hoje vale apenas pela nostalgia.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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