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Sinopse

Okinawa, Japão. A Terra está mais uma vez em perigo, sendo agora atacada por Gilvallis, um planeta tecnológico cujo objetivo é desmaterializar toda a espécie humana. Para enfrentá-lo, Ultraman Geed e sua equipe contam com a ajuda de vários Ultramen de outras Terras, que vêm a esta realidade para socorrê-lo.

Crítica

Pobre Ultraman! Ícone dos anos 60, o segundo seriado a cores na história da TV japonesa, com uma legião de fãs que através dele teve acesso aos kaiju e a todo um estilo de aventuras que tão popular se tornou nas décadas seguintes, agora sendo esculhambado de forma tão impiedosa. Ultraman Geed, spin-off da série televisiva de mesmo nome, é ofensivo de tão ruim! É preciso ser muito, mas muito, mas muito, mas muito fã para encontrar motivos para defendê-lo.

Se é verdade que, desde sua origem, Ultraman tem uma forte queda pelo kitsch - e existe algum seriado japonês de super-herói que não seja? -, esta versão mergulha tão fundo neste sentido que chega a ser constrangedor, pelas escolhas estéticas feitas. A começar pela coletânea de armaduras dos muitos Ultramen existentes, das variadas Terras de dimensões paralelas, que aqui se unem no combate contra o inimigo mortal sem deixar de lado a brodagem. Sim, há um clima de camaradagem mesclada a heroísmo que soa bizarra não só pelo comportamento de tais personagens, mas também pelo próprio desenrolar das batalhas. Nada faz muito sentido, a não ser arranjar uma desculpa qualquer para que alguém saia correndo e gritando em uma luta gratuita contra algum vilão que surja pelo caminho.

Também por isso, o ritmo de Ultraman Geed é aceleradíssimo! São tantas as lutas e tantos os personagens que do nada aparecem que nem há muito espaço, ou interesse, para desenvolver alguma história. Há um fiapinho de narrativa que aponta ao herói inseguro que precisa superar seus temores para derrotar o grande inimigo, associado à claque que o segue a todo instante. "Não mereço ser um Ultraman", ele diz. "Os sorrisos dos seus amigos se tornaram seu poder", ouve em troca.

(Hora de incluir no texto aquele emoji com os olhos virados para cima)

Sim, os diálogos são patéticos, mas são também acompanhados pelo figurino tosco, pela maquete escancarada usada para retratar Okinawa ou mesmo pelos orgulhosos defeitos especiais que exibe. Porque não basta ser ruim, é preciso se gabar de sua tosquice. Neste quesito, Ultraman Geed merece nota 10! Tudo que há de ruim aqui foi calculado para que seja assim, faz parte da cultura em torno do personagem e da série nesta fase contemporânea. Pobre Ultraman!

Quesitos estéticos ou narrativos à parte, é também preciso ressaltar que este não é um filme para leigos. Se você não faz a menor ideia do que significa termos como Belial, Giga Finalizer, aço vermelho ou Galactron, bom, vai continuar sem saber. Este filme não irá explicá-los e, a bem da verdade, você não precisa entendê-los. A história aqui não importa, é mera desculpa para colocar um punhado de pessoas mal fantasiadas batendo em outras do mesmo naipe. Ainda assim, há vários easter eggs aos fãs da franquia Ultraman, com referências espalhadas por todo canto que deixam o já frágil roteiro ainda mais repleto de pontas soltas. Mas, quem se importa? Não os produtores de Ultraman Geed, com certeza. Ser ruim é bom, lembra?

Diante disto, pouco (mais) há a dizer. Nem mesmo o fascínio pelos kaiju, tão comum aos amantes deste tipo de aventura, aqui se justifica, até porque eles são não apenas irrisórios como, também, personagens terciários. Constrangedor em muitos momentos, Ultraman Geed é um filme medonho. O que, dependendo do interesse envolvido, pode ser uma crítica ou um elogio.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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