Crítica


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Sinopse

Um pianista prestes a voltar aos palcos após uma crise de pânico encontra um bilhete intrigante no instrumento. Ele precisa fazer um retorno triunfal, sem erros, se quiser salvar a si mesmo e sua esposa.

Crítica

Ao longo de Toque de Mestre é impossível não lembrar de Por Um Fio (2002), thriller estrelado por Colin Farrell. Ambos os filmes contam com protagonistas que são obrigados a se manter reclusos em uma área específica, enquanto cumprem ordens de um vilão que tem uma arma apontada para eles, ameaçando-os de matá-los caso cometam qualquer erro. No entanto, se o longa dirigido por Joel Schumacher conseguia ser tenso e instigante do início ao fim, esta nova produção que conta com Elijah Wood à frente do elenco infelizmente possui problemas que a impedem de ser eficiente dentro do que se propõe.

Escrito por Damien Chazelle, Toque de Mestre traz Wood no papel do pianista Tom Selznick, que ficou vários anos inativo devido a um medo de palco que resultou em uma crise durante uma apresentação. Mas, com o apoio da esposa Emma (Kerry Bishé), ele finalmente está prestes a retomar sua atividade em um concerto feito em homenagem a seu falecido mentor, Patrick Godureaux (Jack Taylor), e que será conduzido pelo amigo William Reisinger (Don McManus). Tudo transcorre perfeitamente até que, ao checar as partituras, Tom vê um alerta de que ele morrerá caso toque uma nota errada. Começa, então, um inferno do qual o rapaz se esforça para escapar vivo, sendo que a única pessoa com quem pode se comunicar é o próprio vilão, Clem (John Cusack), que o mantém sob constante vigilância durante a apresentação.

O suspense é conduzido um tanto artificialmente pelo diretor Eugenio Mira, que investe exageradamente em uma série de travellings em volta de Tom e dos outros artistas durante a performance como forma de ressaltar a tensão daquele momento. Movimentos de câmera, aliás, que mais chamam a atenção para o diretor do que propriamente funcionam a favor da história.

O filme até tem boas sequências, como quando Tom precisa dar um jeito de escrever rapidamente uma partitura, mas cenas assim aparecem muito pouco ao longo da história, o que é lamentável considerando que um de seus principais objetivos é manter o espectador inquieto na cadeira do cinema. Além disso, o cineasta aposta muitas vezes na obviedade, como o plano-detalhe em uma foto que estabelece a relação de Tom e Patrick Godureaux, ou a mudança abrupta na iluminação quando o protagonista ouve o nome da “La Cinquette”, composição famosa do mentor e que ele estava tocando quando teve sua crise.

Elijah Wood se esforça para segurar o filme, e até que é bem sucedido ao tornar Tom uma figura vulnerável, além de ter um bem-vindo carisma. Mas vale dizer que em algumas passagens o personagem mostra ser incrivelmente multifacetado, como na cena em que ao mesmo tempo toca piano, fala com o vilão e manda uma mensagem de texto no celular. Ainda que este esteja (acreditem) embaixo das páginas das partituras, o conjunto se torna um momento surreal e involuntariamente hilário. Já John Cusack tem a árdua tarefa de fazer com que Clem seja convincentemente ameaçador, tendo na maior parte da trama apenas sua voz como recurso para isso. Mas o próprio personagem se revela pouco interessante, tendo motivações bobas e batidas.

Além disso, Toque de Mestre possui um terceiro ato particularmente fraco, em que uma frase ouvida pelo protagonista diversas vezes durante o desenrolar da história se torna realidade de maneira estúpida. Sem mencionar a revelação do mistério, que no final se mostra nada relevante. Até poderia ter rendido um bom filme, mas acaba sendo apenas uma versão genérica – e piorada – de diversas outras produções similares.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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CríticoNota
Thomas Boeira
4
Alysson Oliveira
6
MÉDIA
5

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