Sinopse
Após a tragédia vivida três anos antes, a família Eikjord ainda não se recuperou. Tanto é que Kristian segue se perguntando se deveria ter agido diferente, enquanto que a mulher e os filhos se mudaram para Oslo, capital do país. Quando ele fica a par da pesquisa de um colega sobre abalos sísmicos por toda a Noruega, percebe que um perigo ainda maior está para acontecer.
Crítica
Em 1904 – ou seja, há mais de um século – um tremor atingiu a magnitude 5,4 na escala Richter em Oslo, capital da Noruega. Desde então, muito se estudou sobre abalos similares na região, e a conclusão foi de que o solo norueguês é o que possui a maior atividade sísmica de todo o norte da Europa. Ou seja, assim como o anterior A Onda (2015) era baseado em fatos e em apontamentos que indicavam a recriação factual dos eventos ilustrados na ficção, este Terremoto tem também um fundamento físico muito bem estruturado. Justamente por isso, a trama desenhada pelo diretor John Andreas Andersen é não apenas assustadora, mas absurdamente real, construída de tal maneira que o espectador é jogado no centro da ação, compartilhando seus dramas, medos e perigos. É entretenimento, sim, mas encarado com tamanha seriedade que, mais do que um competente divertimento, pode – e deve – ser encarado, também, como um importante alerta a respeito de algo que um dia acabará acontecendo. Resta saber, portanto, quando.
Ainda que se apresente de forma independente, principalmente no lançamento brasileiro, é importante ter em mente que Terremoto é uma continuação direta de A Onda, sendo ambientado exatamente três anos após os eventos mostrados no filme anterior (que, apesar de inédito nos nossos cinemas, está disponível na Netflix). Se antes a família liderada por Kristian (Kristoffer Joner) e Idun (Ane Dahl Torp) tiveram que lutar para sobreviver a um tsunami, agora eles se veem diante de um episódio ainda mais trágico. Assim, seguindo a lógica de qualquer sequência, tudo se potencializa – ao invés dos acontecimentos serem situados em uma cidade turística no interior, estamos na maior cidade do país. Da mesma forma, enquanto que da outra vez todos os temores estavam restritos a um incidente pontual, dessa vez eles se espalham por uma área maior, marcando os envolvidos em diferentes níveis de comprometimento. Os riscos, consequentemente, também são muito maiores.
Kristian segue traumatizado com os eventos que ele e sua família – e mais centenas de pessoas – enfrentaram três anos atrás. A reação, bastante natural, é também um balde de água frio no espectador. Pois, se o episódio inicial, por mais terrível que tenha sido, serviu ao menos para reunir a família, que conseguiu sair ilesa dos acontecimentos – além do casal, o filho adolescente, Sondre (Jonas Hoff Oftebro), e a caçula, Julia (Edith Haagenrud-Sande), também sobreviveram – mais de duas dezenas de óbitos e desaparecimentos foram registrados na ocasião. Ele era o responsável por ter dado o aviso, e mesmo que estivesse no seu último dia de trabalho e tenha feito tudo a seu alcance, lhe é praticamente impossível não imaginar como tudo poderia ter sido diferente se tivesse agido antes. Por isso, quando o encontramos agora, o que se vê é um homem quebrado, separado dos seus entes queridos, que segue coletando pistas e remoendo conjecturas sobre o que passaram e o que poderia ter sido.
Alguém tão envolvido com o próprio trabalho, não seria surpresa se tivesse deixado passar em branco um colega com a mesma determinação. Isso só vem à tona quando assiste na televisão à notícia da morte de um companheiro de trabalho que há muito não via e que se encontrava envolvido com outra linha de pesquisa, a respeito dos túneis submarinos que permeiam as estradas norueguesas. Há dezenas deles por todo o país, e mais de um vem emitindo, ainda que discretamente, sinais de que algo pode não estar tão dentro do esperado. Uma vez que os elos se unem e a lógica se faz presente, o tempo para agir será ainda mais imediato: o desastre virá rápido, e será em plena Oslo. Exatamente onde moram, agora, sua ex-esposa e os dois filhos. Obviamente, é para lá que ele terá que ir para salvá-los.
John Andreas Andersen foi diretor de fotografia do incrível Headhunters (2011) e codirigiu o infantil Aventura dos Sete Mares (2014). Terremoto é o seu primeiro projeto solo, e segue no embalo do sucesso alcançado por A Onda. Justamente por isso, o cineasta não perde tempo, criando as situações necessárias para marcar a passagem de tempo desde os eventos mostrados anteriormente, para logo depois dar continuidade se guiando por terreno seguro (por mais irônico que isso possa parecer), repetindo a fórmula que tão bem funcionou da outra vez. Pode não ser tão impactante ou inovador, mas com um elenco coeso e uma trama que vai direto ao ponto, funciona com precisão ao conduzir seus espectadores por uma história de tirar o fôlego. Ainda mais se a compararmos com alguns dos seus similares hollywoodianos, como o recente Terremoto: A Falha de San Andreas (2015), em que a preocupação era única e exclusivamente com o espetáculo visual, deixando pouco na conta dos personagens envolvidos. É interessante ver essa balança não se inverter, mas atingir um saudável equilíbrio. E, talvez, esse seja o maior mérito que aqui se percebe.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 7 |
Alysson Oliveira | 4 |
Leonardo Ribeiro | 6 |
MÉDIA | 5.7 |
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