Crítica

Assistir a Tão Forte e Tão Perto é comprovar que o grande Max von Sydow carrega o filme nas costas. E só. A adaptação do romance Extremamente Alto e Incrivelmente Perto (título original do filme, por sinal) de Jonathan Safran Foer, é a primeira derrapada na carreira do diretor Stephen Daldry, responsável por obras como Billy Elliot e As Horas, além do ótimo O Leitor. Realmente, a crítica não exagerou ao esculhambar com a indicação deste longa ao Oscar de Melhor Filme neste ano. Está há anos-luz de qualquer coisa.

O pior é que a história prometia – e muito. Um garoto perde o pai durante a tragédia do 11 de setembro e descobre uma chave com o nome Black escondida em um vaso dentro de casa. Como o pai (Tom Hanks, em boa e rápida aparição) sempre incentivava o filho a fazer pesquisas e descobertas, logo o jovem resolve ir atrás do enigma do objeto. No caminho ele se depara com uma mulher que está se divorciando (Viola Davis) e recebe a ajuda do vizinho mudo da sua avó, o excepcional von Sydow, merecidamente indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante. Porém, ele é a única personagem do filme que realmente se destaca. O resto é o resto.

Há pontos extremamente mal explorados, desde a relação com a mãe (Sandra Bullock, ótima, mostrando que não ganhou um Oscar à toa há dois anos, mas em pouco tempo de tela), o próprio caos da queda das Torres Gêmeas, assim como a busca do garoto, vivido pelo estreante e chato Thomas Horn. Talvez a péssima interpretação dele seja fruto da sua falta experiência. Porém, se foi esse o caso, porque não pegar alguém que já tivesse um pouco mais de currículo, como Asa Butterfield, protagonista de A Invenção de Hugo Cabret, que dá alma ao belo filme de Scorsese? Sinceramente, Horn lembra muito Jake Lloyd, o guri irritante que interpretou o jovem Anakyn Skywalker em Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma. A diferença no longa de Daldry é que o garoto aparece em quase 100% do longa e é através dele que a narrativa flui. Ou empaca, no caso.

A direção de Daldry também não sabe bem para que lado vai. Uma hora parece acertar o ritmo (evidenciado pela trilha que lembra – e muito – As Horas), em outras parece descambar para a total falta de tato e querer nos comover à força. No frigir dos ovos, a impressão que se tem é que o cineasta queria confirmar sua predileção perante os votantes do Oscar e fazer um filme que fosse a cara da premiação. Por um lado, conseguiu, já que esse é seu quarto filme e mais uma vez está em busca do ouro. Pena que a Academia tenha comprado a ideia.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
avatar

Últimos artigos deMatheus Bonez (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *