Crítica


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Sinopse

Em um dia bastante tenso, com um cenário típico de guerra, os médicos de um hospital público, acostumados com uma dura realidade, vão ter que enfrentar mais uma tensa decisão quando três pacientes em estado grave precisam de socorro ao mesmo tempo. Com poucos recursos, eles precisam atender a todos e lidar com as pressões sociais daquela situação.

Crítica

Para quem gosta de séries que se passam em hospitais como Grey’s Anatomy (2005-), House (2004-2012) e a saudosa E. R. (1994-2009) - mais conhecida por aqui como Plantão Médico - Sob Pressão é mais do que um prato cheio. A sensação que se tem a cada segundo é de assistir a um grande episódio especial de uma destes produções, tanto pela temática quanto pelo formato, que mais parece televisivo do que cinematográfico. Não que isto seja um grande problema para o longa premiado no Festival do Rio. Sua história calcada na realidade das emergências brasileiras aborda a ação do centro cirúrgico no mesmo compasso que desenvolve o drama de seus personagens, tornando a produção um ponto alto no gênero. Ainda mais na filmografia brasileira, que geralmente utiliza a saúde pública como subgênero, nunca tema principal.

É numa emergência sem fim de expediente que nos deparamos com Evandro (Julio Andrade), personagem que compreendemos ser o principal médico plantonista da instituição só pelo aspecto físico e pelo café da manhã e lanche consumidos às pressas na porta do hospital. Viciado em Vicodin, ele toma suas pílulas pronto para mais um atendimento. Desta vez, um policial militar e o dono do morro, feridos. A pressão do capitão da PM para que o médico atenda o soldado primeiramente é apenas uma das tantas que Evandro e seus colegas cirurgiões Paulo (Ícaro Silva) e Carolina (Marjorie Estiano) vão enfrentar ao longo das horas.

O ritmo é realmente frenético. As situações vão se acumulando, provocando várias discussões morais e éticas não apenas sobre a medicina em si, mas acerca da sociedade brasileira, inserida neste pequeno nicho através de pacientes e dos próprios funcionários. É tensão a todo momento, como um grande filme de ação onde as explosões dão lugar à mesa de cirurgia e a fervura naquele ambiente. O ponto de ebulição chega em um dado momento, mas será isto o principal catalisador para o “herói” Evandro abrir mão de seus preceitos e ideais? Ele pode não seguir à risca as regras do hospital, mas seu personagem é tão bem construído – ainda mais com a excepcional atuação de Julio Andrade, que lhe confere a segurança e o estresse necessários sem nunca fugir do ponto – que é de causar indignação qualquer tentativa de tirá-lo da linha. E não são poucas as vezes que isso está prestes a acontecer.

Além de Andrade, Silva e Estiano conduzindo da melhor forma a linha de frente de Sob Pressão, o diretor Andrucha Waddington ainda conta com um elenco de apoio acima da média, como Andrea Beltrão na pele de Ana, a administradora da instituição, e o enérgico capitão Botelho de Thelmo Fernandes. Acima de tudo, o cineasta alia muito bem sua decupagem com o roteiro incansável de Renato Fagundes e Leandro Assis, tornando o longa ágil, mas nunca rápido demais a ponto de deixar informações desconexas ou simplesmente perdidas. Talvez os fãs mais ardorosos da linguagem cinematográfica impliquem com a falta de uma formato mais autoral e calcado demais na TV, mas é importante ressaltar que ele se encaixa totalmente na proposta apresentada. Em suma, é um drama forte que esmiúça a situação da saúde e dos próprios brasileiros de uma forma caótica, assim como a realidade aqui fora.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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