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Sinopse

Jane é mãe de três filhos e mantém uma relação amigável com Jake, seu ex-marido, de quem se separou há dez anos. Quando se encontram para a formatura de um dos filhos, fora da cidade, surge um clima e passam a ter um caso. Só que Jake é agora casado com Agness, o que faz com que Jane torne-se sua amante. Paralelamente, Adam entra na vida dela. Ele é um arquiteto contratado para remodelar a cozinha do seu restaurante e, aos poucos, se apaixona por ela.

Crítica

Seria muito bom viver no mundo dos filmes da diretora Nancy Myers. A cineasta tem predileção por personagens endinheirados, com casas grandiosas e carros do ano. A filmografia de Meyers não deixa dúvidas quanto a isso. Nela acharemos exemplos de personagens abastados em O Amor não Tira Férias (2006) e, principalmente, em Alguém tem que Ceder (2003). São pessoas que não pensam duas vezes antes de viajar para Paris, que não têm problemas em trocar de casa por uma temporada de férias ou emprestar, sem pestanejar, seu cartão de crédito para um filho recém formado na universidade. É nesse mundo que circulam os personagens de Nancy Meyers também em seu mais recente trabalho, Simplesmente Complicado.

Na trama, Meryl Streep vive a divorciada confeiteira Jane. Depois de passar 10 anos sem o ex-marido Jake (Alec Baldwin), que a largou por uma mulher mais jovem, Agness (Lake Bell), os dois finalmente chegam a um ponto onde conseguem conversar sem animosidades. A festa de graduação de seu filho, Luke (Hunter Parrish), acaba por aproximar o ex-casal, que começa um caso amoroso. Para complicar mais a situação, Jane conhece o arquiteto Adam (Steve Martin), com quem aparenta ter muitas afinidades. Agora, a até então solitária mulher terá de resolver com qual homem ficará, nessa comédia com elenco acima da média, que ainda conta com participações de John Krasinski, Rita Wilson (Sintonia de Amor, 1993) e Mary Kay Place (Quero Ser John Malkovich, 1999).

O roteiro, assinado pela própria diretora, tem alguns momentos cômicos bastante inspirados e consegue trabalhar bem a temática da mulher solteira de meia-idade. A Jane criada por Nancy Meyers é uma mulher independente, mãe de três filhos e dona de uma confeitaria bem sucedida. No entanto, o fato de não ter uma pessoa com quem dividir tudo isso é um problema para ela. Esta solidão se agrava pelo fato de seus filhos estarem se mudando de casa, deixando-a completamente só. Meryl Streep, para variar, está magnífica no papel, conseguindo atingir as notas tristes e também as alegres do seu personagem. Alec Baldwin assume sua compleição física avantajada e está muito a vontade como o volúvel Jake. Sua química com Streep é um achado. Já Steve Martin se ressente por defender um personagem desinteressante, que só faz rir quando está chapado. Apesar de ser simpático e amável, o Adam de Martin tem pouco espaço para mostrar porque seria a melhor opção para Jane.

Se o texto de Meyers tem momentos inspirados, também tem muito que poderia ser retrabalhado. Toda a cena envolvendo um baseado e os três personagens centrais é muito forçada. Faz rir em alguns momentos, mas não tem muita razão de existir. O roteiro também não deixa espaço para que os filhos do casal desenvolvam alguma personalidade. Quem mais tem chance de brilhar é o noivo de uma das filhas de Jane, Harley (Krasinski), que consegue ser cativante nas poucas cenas que lhe são dadas. Era de se esperar que em um filme de inchados 120 minutos pudesse ser alcançado um melhor equilíbrio entre desenvolvimento de personagens e desenrolar da trama principal.

Felizmente, os deslizes de Nancy Meyers no roteiro não conseguem desinteressar o público da trama. Muito por mérito do trio principal, que não deixa a peteca cair, e por causa do clima geral do filme, leve como uma clara em neve. Não deixa de ser louvável também que cada vez mais se produzam comédias e romances com um elenco mais experiente. Até porque, não são apenas os jovens que têm direito a uma chance de ser feliz ao lado de alguém amado. Nisso, pelo menos, a cineasta acerta a mão em cheio.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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