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Sinopse

O terrível vírus desenvolvido pela Umbrella Corporation continua a causar estragos por toda a Terra, transformando as pessoas em zumbis famintos por carne humana. Alice é a última esperança da espécie humana e lidera um movimento de resistência. De Tóquio a Nova York, passando por Washington e Moscou, ela persegue os responsáveis pela infecção.

Crítica

Resident Evil 5: Retribuição pode não ser um excepcional longa-metragem, carecendo de melhor desenvolvimento de personagens ou ao menos de uma história um pouco mais elaborada. Por outro lado, este novo capítulo da franquia deve satisfazer muitos fãs de vídeo games, visto que toda a estrutura narrativa do filme não esconde suas raízes. Alice, a protagonista vivida por Milla Jovovich, precisa ir do ponto A ao ponto B e, para isso, passará por diversos cenários virtuais e terá de eliminar muitos inimigos para ser bem sucedida. Parece ou não uma premissa para vídeo game?

Com roteiro e direção de Paul W.S. Anderson, Resident Evil 5: Retribuição começa exatamente onde o capítulo anterior parou. Após uma batalha sangrenta, Alice é presa pela corporação Umbrella, sendo mantida em cativeiro por Jill Valentine (Siena Guillory), sua antiga amiga, agora sendo controlada pela Rainha Vermelha, inteligência artificial que comanda aquele grupo do mal. Sem saber direito como, Alice é libertada e escapa da prisão. A protagonista não demora a descobrir que a pessoa que facilitou sua fuga foi seu arqui-inimigo Albert Wesker (Shawn Roberts), que necessita dos serviços de Alice para derrubar a Rainha. O problema é que escapar da Umbrella não será tão fácil quanto fugir da sala onde ela estava presa. A heroína terá de passar por diversos cenários criados pela corporação (que os utilizava nos testesdo vírus zumbi) para sair daquele local. Para ajudar, Wesker envia reforços como os letais Ada Wong (Li Bingbing), Leon S. Kennedy (Johann Urb), Barry Burton (Kevin Durand) e Luther West (Boris Kodjoe), que pretendem facilitar a fuga de Alice e combater os zumbis e outras figuras que habitam aquele espaço – inclusive algumas figuras conhecidas do passado, como Rain (Michelle Rodriguez), Carlos (Oded Fehr) e James (Colin Salmon), em suas versões clone.

Pode se dizer muita coisa sobre Resident Evil 5, menos que se trata de um filme entediante. As cenas de ação começam já nos créditos iniciais – com uma bombástica sequência de ataque aéreo, inexplicavelmente executada em câmera lenta e de trás para frente – e não dão trégua para o expectador até o seu desfecho. São tiros, zumbis, monstros enormes, corridas e perseguições com carros, tudo em alta velocidade e barulhento como os fãs do gênero ação tanto gostam. Com isso, qualquer tipo de desenvolvimento em relação aos personagens centrais é deixado de lado para que exista maior espaço para a aventura. Ou seja, não espere compreender quem é Alice ou quem são seus amigos. Eles são apenas instrumentos para que a ação corra da melhor forma possível.

Por um lado, isso não atrapalha tanto, visto que muitos dos atores utilizados por Paul W.S. Anderson não conseguiriam atuar nem que quisessem. O melhor exemplo disso é a voluptuosa Siena Guillory, que deve ter umas dez frases no filme todo e não convence em pelo menos nove delas. Enquanto isso, o limitado Shawn Roberts continua com sua constrangedora imitação de Agente Smith – felizmente, aparecendo muito pouco para comprometer.

Por falar em imitação, Anderson não parece ter muito medo em pegar “referências” de outros filmes. Em dado momento, Resident Evil 5: Retribuição aproxima-se perigosamente do roteiro de Aliens: O Resgate (1986), colocando Alice responsável por uma criança (uma espécie de filha postiça) enquanto ela foge de um monstro enorme, que a prende e a coloca em um tipo de casulo. Não bastasse isso, o cineasta tenta dar humanidade a Alice, mostrando um lado materno até pouco tempo desconhecido. Tenente Ripley? Certamente. Mimetizando em dado momento a elogiada trilha de A Origem (2010) e sempre com Matrix (1999) como uma referência de cabeceira, Resident Evil 5 presta, digamos assim, homenagens demais em pouco mais de 90 minutos de duração.

Novamente abandonando os zumbis por boa parte da narrativa, este novo capítulo da saga Resident Evil continua o que os anteriores já vinham fazendo, cada vez mais se desvencilhando do rótulo de filme de mortos-vivos. Aqui, os vilões são a Umbrella e as aberrações criadas pela corporação. Os zumbis são uma parte pequena do todo. Curiosamente, os comedores de miolos estão na moda ultimamente e até soa estranho que os produtores de Resident Evil não aproveitem este bom momento para lotar a história com zumbis.

O que de melhor o longa-metragem de Paul W.S. Anderson oferece são as referências aos games. A narrativa é construída para parecer um jogo. Existem fases – cada uma ambientada em um país diferente, com direito a chefões e inimigos diferentes para cada uma – transições virtuais, novas armas ou poderes destravados a cada novo estágio, entre outros elementos pinçados diretamente dos vídeo games. O filme todo tem cara de um jogo de Playstation, desde a fotografia, passando pelos figurinos e pelos personagens do universo do game. Além de Alice e Jill Valentine, juntam-se à franquia velhos conhecidos dos jogos, que nunca haviam dado as caras no cinema. Ada Wong, Leon S. Kennedy e Barry Burton são exemplos disso, ganhando espaço nos filmes para a alegria dos fãs da franquia.

Apesar de ter visual de vídeo game e de se tratar de uma cinessérie em 3D, Resident Evil 5: Retribuição busca em um passado longínquo algumas referências para montar sua trama: os finais em aberto, que dão ganchos claros para a sequência.Característica marcante dos antigos seriados cinematográficos, que costumavam entreter as matinês dos jovens entre as décadas de 30 e 50, o desfecho que promete novas aventuras já virou marca dos filmes de Paul W.S. Anderson e, neste caso, parece chamar para a derradeira epopeia de Alice contra a corporação Umbrella. Ao menos, é isso que se espera depois de cinco movimentados filmes.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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