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Sinopse

Dessa vez, os veteranos agentes secretos precisam desvendar um mistério que vem desde a Guerra Fria e pode levá-los, dos Estados Unidos, França e Inglaterra, até Moscou, na Rússia, onde uma bomba nuclear pode se revelar um perigo inimaginável para toda a humanidade!

Crítica

O sistema de produção em Hollywood é o típico de uma grande indústria: se o produto funciona, então investe-se na continuidade. Caso contrário, suspende-se o pedido. RED: Aposentados e Perigosos (2010) foi uma boa surpresa para a DC Comics (é inspirado em uma história em quadrinhos um tanto obscura da mesma editora do Batman e do Superman), tendo arrecadado quase US$ 200 milhões nas bilheterias de todo mundo e sido aplaudido pela crítica – chegou a ser indicado como Melhor Filme (Musical ou Comédia) no Globo de Ouro. Por isso era certo que RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos não demoraria muito para acontecer. No entanto, o elemento em dobro do título se refletiu por todo o projeto, e o que temos em cena é exagero além da conta, resultando num tropeço feio – o público nos Estados Unidos desprezou o longa (em um mês de exibição foram arrecadados apenas US$ 36 milhões, muito pouco perto do orçamento de US$ 84 milhões), além da opinião dos especialistas ter sido quase unânime: menos, aqui, teria sido bem mais.

RED é sigla para Retired and Extremely Dangerous, ou seja, Aposentados e Extremamente Perigosos. No centro da ação estão agentes secretos que já deveriam ter pendurado suas chuteiras, mas que seguem na ativa após virarem alvos de inimigos inesperados. Dessa vez o que aconteceu é que uma operação ainda do tempo da Guerra Fria acabou vazando na internet, acusando Frank Moses (Bruce Willis) de ser o responsável por ter escondido uma bomba nuclear em Moscou. Assim, ele precisa pegar a esposa (Mary-Louise Parker) e reunir os amigos (John Malkovich, Helen Mirren) para não apenas se defender dos assassinos profissionais que estarão no seu pé, como também para descobrir o que há, de verdade, por trás de toda essa armação.

É notável em cada cena o prazer dos atores em participar de um filme como RED 2. No entanto, alguns deveriam ter se preocupado menos em se divertir do lado de lá da tela e ter exigido um roteiro mais consistente e personagens mais elaborados, que justificassem suas presenças. O melhor – ou seria o pior? – caso disso é Catherine Zeta-Jones (em seu segundo trabalho recente ao lado de Willis, após O Dobro ou Nada, 2012), como uma espião russa cheia de caretas e maneirismos, mas que em nada contribui para a trama. Não se sabe se ela está mais preocupada em não incomodar o botox que praticamente deformou seu rosto ou se começará a cantar All That Jazz, devido ao seu escandaloso figurino. Mirren, por outro lado, mais uma vez é o alívio apimentado, sexy e elegante, porém com menor relevância do que no longa anterior. Outra surpresa é a do eterno canibal Anthony Hopkins, cuja participação reserva boas reviravoltas para o enredo, mas não recebe um desfecho, nem motivações, à altura de sua presença.

Estruturado como uma volta ao mundo, RED 2 começa nos Estados Unidos, faz uma passagem estratégica pela Ásia – o astro Byung-hun Lee, de G.I. Joe (2009), deve garantir a adrenalina suficiente para despertar o interesse dos orientais – e termina se dividindo entre Inglaterra e Rússia. Bruce Willis continua com carisma suficiente para desperdiçar seu tempo – e o nosso também – em bobagens como essa, mas talvez tenha chegado o momento de ser um pouco mais seletivo – não somente nas escolhas, mas também na qualidade do material com o qual se envolve. Parker tem aquele jeito atabalhoado que cativou espectadores no seriado Weeds (2005-2012), e é basicamente o que faz por aqui também. E John Malkovich... bom, esse sempre vale o filme, nem que seja por sua participação.

RED 2 se ressente de ter perdido a condução mais dinâmica de Robert Schwentke (do primeiro filme), mas conquistou, com Dean Parisot – o novo diretor – muito mais humor e grandiosidade. Se por um lado isso abrange um público maior, por outro perde foco, o que pode ser uma justificativa para que o filme não tenha encontrado um público de fato curioso pelo que esta segunda aventura dos velhinhos durões poderia oferecer. É mais do mesmo, e deixando a razão de lado, é possível se divertir sem grandes compromissos. Mas é igualmente descartável, e um elenco de peso como esse merecia mais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
5
Bianca Zasso
7
MÉDIA
6

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