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Sinopse

Rango é um camaleão que sonha em ser reconhecido por sua coragem e atos de heroísmo. Um dia se vê perdido numa empoeirada cidade do velho oeste, local que também está empesteado de bandidos perigosos que ameaçam a população. Então é forçado a, literalmente, fazer o papel de herói para proteger a todos.

Crítica

Com as fronteiras entre o cinema live action e as animações cada vez mais indistintas, é natural que os cineastas queiram se aventurar em ambos os formatos. E Rango, primeiro filme de animação de Gore Verbinski, é justamente isso: uma experimentação. O realizador da trilogia inicial Piratas do Caribe tenta retomar o espírito do seu primeiro longa-metragem, o infantil Um Ratinho Encrenqueiro (1997), sem muito sucesso. Dessa vez ele conta a trajetória de um lagarto no meio do deserto americano e como, de turista improvável, ele acabou se consolidando como herói de uma vila abandonada entregue às secas e dominada por tartarugas, cobras e sapos.

Apesar do nome do personagem remeter ao personagem das histórias em quadrinhos do desenhista gaúcho Edgar Vasques, essa é uma trama original, criada pelo diretor em parceria com James Ward Byrkit e, principalmente, John Logan (roteirista indicado ao Oscar por Gladiador, 2000), que ficou responsável pela versão final do roteiro. E o enredo é mesmo o de um épico. Durante uma viagem, Rango acaba caindo do carro em que está sendo transportado. Logo percebemos que se trata de um animal de estimação, e que o ambiente inóspito da auto-estrada não irá lhe fazer bem. Isso até surgir um velho tatu com sábios conselhos, que irá direcioná-lo a uma cidade perdida no meio do deserto e habitada apenas por animais. Lá, depois um golpe de sorte – ou não – Rango é escolhido para ser o novo xerife e solucionar o problema mais grave que enfrentam: a falta de água. Se nada for feito urgentemente, a seca irá determinar a morte ou a fuga de todos os moradores.

O maior problema enfrentado pelos espectadores brasileiros decididos em conferir Rango nos cinemas é que a grande maioria das cópias disponíveis são dubladas. Isso é um fato a ser considerado, uma vez que os principais personagens foram idealizados em cima das personalidades dos dubladores, todos astros de Hollywood. O protagonista, que tem a voz de Johnny Depp, é basicamente uma versão animada do ator. É mais ou menos o mesmo que aconteceu com ele em A Noiva Cadáver (2005), de Tim Burton. Outros nomes famosos que emprestam suas vozes são Abigail Breslin, Isla Fisher, Alfred Molina e Bill Nighy, entre outros. E quem tiver a oportunidade de conferir a versão original não deve desperdiçar, pois certamente o aproveitamento será bem maior.

Ao contrário da maioria das produções animadas recentes, que divertem os pequenos enquanto entretém com competência os adultos, Rango parece ser direcionado especificamente ao segundo time. Os desenhos são bastante realistas, crus e secos, sem muita fofura ou graça. As piadas são mais inteligentes, sempre com uma segunda intenção, e não serão todos que conseguirão pegar tudo numa primeira vez. Mas mesmo assim, a sensação no final é de que falta alguma coisa, mais ou menos como aconteceu com Zack Snyder, que após fazer filmes visualmente impressionantes, como 300 (2006), derrapou feio com a animação A Lenda dos Guardiões (2010). Bem, como o mago Steven Spielberg é o próximo a seguir esse caminho (com o aguardado As Aventuras de Tintin, 2011), a esperança é de que essa não seja uma sina, mas apenas casos isolados.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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