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Sinopse

Um desastre espacial faz com que quatro tripulantes de uma nave sofram modificações genéticas. Eles ganham superpoderes especiais.Reed Richards passa a ter a capacidade de esticar seu corpo feito borracha. Sue Storm ganha poderes que a permitem ficar invisível e criar campos de força. Johnny Storm pode aumentar o calor do seu corpo, enquanto Ben Grimm tem seu corpo transformado em pedra e ganha uma força sobre-humana.

Crítica

Quando Quarteto Fantástico foi lançado nos cinemas em 2005, a Fox era a “rainha” dos personagens da Marvel nos cinemas. Já havia feito sucesso de público e crítica com X-Men (2000) e X-Men 2 (2003) e descido a ladeira com o irregular Demolidor (2003) e o péssimo Elektra (2005). Apesar da recepção fria dos especialistas, o filme da família de heróis criada por Stan Lee e Jack Kirby fez respeitáveis bons números na bilheteria mundial. Após quase dez anos de seu lançamento, vale continuar concordando que o longa é tão ruim assim? Pode parecer fantástico (ok, desculpem o trocadilho), mas a resposta é negativa. Quer dizer, em termos.

Vale relembrar a história: Reed Richards (Ioan Gruffudd) é uma das mentes mais inteligentes do mundo e descobre que uma viagem especial pode ser um novo avanço para a ciência. Ao seu lado estão seu melhor amigo, Ben Grimm (Michael Chiklis), sua ex-namorada, Susan Storm (Jessica Alba), o irmão dela, Johnny (Chris Evans), e seu arquirrival Victor Von Doom (Julian McMahon). A experiência não dá certo, a tripulação é atingida por raios cósmicos e, quando voltam à Terra, cada um começa a apresentar poderes diferentes. Reed pode esticar seu corpo, Susan torna-se invisível quando quer, assim como seu irmão pode ficar em chamas. O único que se dá mal é Ben, que se transforma em uma criatura rochosa, apesar da superforça. E Von Doom, que já não tinha o melhor caráter do mundo, começa a manipular energia e a realizar atrocidades, obrigando seus colegas de viagem a formarem o Quarteto Fantástico.

Falem o que quiser, mas o roteiro explora bem os poderes do grupo, seja individualmente ou com o trabalho em equipe. O que, inclusive, gera boas piadas para o enredo, já que a produção é bem familiar e beira ao cômico muitas vezes, tratando os temas de forma leve. O Tocha Humana usa seu bordão “em chamas” sempre que possível, como bom narcisista que é, seja com as garotas ou em ação. A Mulher Invisível, talvez a mais sã de todos, explora bem seus poderes, inclusive usando seu campo de força para salvar a equipe inúmeras vezes. O Coisa solta a porrada a todo momento. Como ele diz, “é hora do pau”! O grande problema são os efeitos especiais da elasticidade do Senhor Fantástico. Artificial é pouco para dizer, parece que o chroma key fica mais visível ainda após tantos anos. Mesmo séries de TV de baixo orçamento conseguem fazer algo melhor.

Porém, este é o menor dos problemas. Se a história segue um ritmo interessante de origem, apresentando não apenas a personalidade como os poderes de cada um, por outro ela tem um péssimo Doutor Destino como vilão. O Von Doom de McMahon é caricato, canastrão, quase um vilão de desenhos animado do Looney Tunes. Tudo o que ele faz dá errado, algo paradoxal para a criação de um dos mais temidos inimigos do Universo Marvel dos quadrinhos. Mesmo o grupo de heróis apresenta problemas: Ioan Gruffudd não tem carisma ou cacife para segurar a intelectualidade de Richards, apresentando mais um nerd rejeitado pela garota que deseja do que qualquer outra coisa. Chris Evans como o falastrão Johnny até tem seus momentos cômicos, mais muitas vezes cai num tom a mais do que deveria. Michael Chiklis não segura tão bem o rojão do maior arco dramático do filme. O Coisa é o personagem que todos tem pena por se transformar em algo de aspecto grotesto e que perde a mulher e o respeito por conta disso, mas seu intérprete não corresponde da maneira devida. Já Jessica Alba chegou até ser injustiçada com uma indicação ao Framboesa de Ouro por sua atuação, mas ela nem é das piores. Está longe de uma grande intérprete e pode cair no clichê da “gostosa do filme” várias vezes, mas nem por isso deixa de lado o que sua personagem é: o elo de ligação e conforto entre todos, a mais humana do grupo no que diz respeito a parecer uma pessoa real.

No fim das contas, o filme de Tim Story, apesar de todos estes problemas apresentados, é um entretenimento razoável que diverte na medida do possível. Ainda que seja necessário deixar de lado os aspectos negativos. Porém, os elementos estão lá: a família reunida, a popularidade dos heróis perante o público, as referências a sagas famosas, a deixa para uma continuação. Por sinal, uma bem mais ou menos que viria dois anos depois. É um bom passatempo para uma tarde chuvosa, com pipoca e refrigerante à mão, mas nada mais do que isso. Uma pena, pois poderia ter sido bem melhor. E que venha o reebot programado para 2015!

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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