Crítica
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Sinopse
Três histórias de amor acontecem na imensa e movimentada cidade de São Paulo. Três personagens comuns, mas ao mesmo tempo singulares, experimentam as dores e as delícias de saber se há mesmo amor na capital paulista.
Crítica
Uma ciranda de amores, sexos e emoções à flor da pele em uma grande cidade. Assim pode ser descrito Quanto Dura o Amor?, segundo trabalho do diretor Roberto Moreira. Porém, ao contrário da explosão de sentimentos e angústias do seu longa de estreia, Contra Todos (2003), dessa vez ele prefere apostar na sutileza e no íntimo de cada personagem. A primeira impressão é de que o cineasta está mais calmo, até mesmo tímido. Mas esta é uma sensação passageira, e logo percebemos que na verdade ele apenas mudou de tática: deixou de ser o cão que ladra, mas não morde, e optou pela paciência do leão que sabe o momento certo de atacar. Antes foi muito barulho. Agora o tiro é mais certeiro.
Esse painel de relacionamentos modernos traz os mais diversos tipos para a efervescência de São Paulo, a mais populosa cidade do país e uma das maiores de todo o mundo. Começamos acompanhando a menina (Silvia Lourenço) do interior que, decidida a ser atriz, vai para a capital tentar a sorte. Lá acaba sendo tragada pelas tentações e prazeres do grande centro, e logo esquece do namorado. Afinal, tem outras coisas – ou pessoas – em mente. Um romance mal resolvido com uma cantora (Danni Carlos, totalmente entregue) é sua principal preocupação, ainda mais porque esta continua ligada ao dono do bar (Paulo Vilhena) em que se apresenta, numa relação bastante complicada. Outros dramas se cruzam, com o do escritor (Fábio Herford, de Salve Geral, 2009) apaixonado por uma prostituta (Leilah Moreno, de Antônia, 2006) e o da advogada (Maria Clara Spinelli, uma revelação) que se envolve com um colega de trabalho (Gustavo Machado), a despeito de um forte segredo que carrega consigo.
Quanto Dura o Amor?, no início do projeto, se chamava Condomínio Jaqueline, e possuía muito mais histórias paralelas. O problema é que no fim das filmagens Moreira percebeu que tinha em mãos ou um filme de mais de três horas ou dois longas distintos. E ele acabou optando por esta segunda via. Na verdade são tramas irmãs, que se intercalam e possuem praticamente o mesmo elenco, porém os que são coadjuvantes num se tornam protagonistas no outro, e vice-versa. O primeiro a chegar às telas, Quanto Dura o Amor?, é o lado A, o mais dramático. O segundo, que seguiria se chamando Condomínio Jaqueline, deveria ser lançado na sequência, o que infelizmente acabou não acontecendo. Este seria o lado engraçado, que investia na comicidade. Com esta divisão perdeu-se muito do humor nesta etapa inicial. Isso, no entanto, é compensado pelo teor emocional despertado no elenco. A curta duração – são meros 83 minutos – também pode ser apontada como causa de uma certa frivolidade ao tratar de assuntos possivelmente mais explosivos. Mas o conjunto supera a soma das partes.
Maria Clara Spinelli, uma novata no cinema, possui as cenas mais intensas e que mais comovem o público. O risco da atriz ser confundida com a personagem tem fundamento, mas a elegância e a seriedade com que encarou o desafio são maiores do que qualquer polêmica gratuita. Silvia Lourenço é outra que merece aplausos, entregando ao público mais uma performance arrebatadora. Não por menos as duas – Spinelli e Lourenço – dividiram o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Paulínia. Um resultado justo, e qualquer distinção aqui seria equivocada.
Roberto Moreira é um cineasta com o qual devemos estar atentos a cada novo trabalho. Seus filmes – e temos apenas dois por enquanto – podem até parecer simples, porém guardam muitos outros significados e intenções, além do que um julgamento rápido possa identificar. Quanto Dura o Amor? é assim, aparentemente comum, em estrutura cíclica e cosmopolita, mas cada figura que cruza a tela tem um objetivo, provocando reações e instigando o debate e a reflexão. É um filme em completa sintonia com o seu tempo, e merece ser observado com carinho e atenção. Pois este cuidado, visível nos bastidores, é também perceptível no lado de cá da projeção.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Ailton Monteiro | 5 |
MÉDIA | 6 |
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