Quando Meus Pais Não Estão em Casa
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Anthony Chen
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Ilo Ilo
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2013
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Singapura / Japão / Taiwan / França
Crítica
Leitores
Sinopse
Teresa encontra emprego como empregada doméstica numa Singapura afetada pela crise econômica asiática de 1997. Na casa onde trabalha, o garoto Jiale desenvolve com ela um laço muito bonito, ajudando-a a se ambientar.
Crítica
Há, basicamente, apenas quatro personagens em Quando Meus Pais Não Estão em Casa: a mãe, o pai, o filho e a empregada. Estamos em Singapura, final dos anos 1990, período de grande depressão econômica no país. Ambos os pais trabalham fora, e o menino passam muito tempo sozinho, o que deixa seu comportamento cada vez mais difícil. A ideia de contratar uma ajudante do lar surge a partir do momento em que percebe-se a necessidade de alguém para estar ao lado da criança, mas logo aumenta-se sua área de atividades, impondo cuidados com a cozinha e limpeza em geral. Assim, essa desconhecida com o passar dos dias vai se entranhando na rotina da família, até o ponto em que se torna imprescindível. Mas se sua presença é tão fundamental, o espaço de quem ela estaria, portanto, ocupando?
A novata naquele ambiente é o elemento desestabilizador, e portanto é o que mais chama atenção num primeiro instante. A causa dela estar ali, no entanto, é motivada pelas carências do garoto, e se ele já era complicado antes, diante desta nova autoridade irá se revelar ainda mais problemático. O pai, a iminência silenciosa que parece saber de tudo mas que, na verdade, está se escondendo sempre que possível, tem também seus graves dilemas que enfrenta solitariamente, revelando-se aos poucos e com muito cuidado. Estes três são tipos interessantes, cada um a sua maneira, e funcionam bem em despertar a curiosidade do espectador. Porém, somente com o desenrolar das ações é que se percebe o pilar central da história: a esposa e mãe, a mulher da casa, que ao tentar manter e prover aqueles que ama descobre o perigo de ser substituída. A razão se esvai e as reações passam a ser automáticas e emocionais, atendendo a um chamado de autopreservação. Mas há algo maior acontecendo, que por si só se encarregará de dar uma ordem à situação.
O diretor e roteirista Anthony Chen é muito jovem – tem apenas 30 anos – e inexperiente – este é seu primeiro longa-metragem – mas a despeito da falta de credibilidade inicial ele alcança muito em Quando Meus Pais Não Estão em Casa. Ao falar do micro – ou seja, do pequeno espectro familiar – ele consegue dialogar com toda uma sociedade. A crise que vai se anunciando chega conforme previsto e, inevitavelmente, deixa suas consequências pelo caminho. Alguns serão abatidos, outros seguirão em frente, mas em comum está o fato de todos saírem dela transformados. O amadurecimento, seja na relação entre criança e empregada, entre patroa e serviçal, entre marido e mulher ou pais e filho, alcança cada um a seu modo, deixando marcas que não serão esquecidas. O que fazer com elas dali em diante é uma decisão individual.
Premiado com a Golden Camera para realizadores estreantes no Festival de Cannes, Quando Meus Pais Não Estão em Casa soma mais de vinte troféus pelos países onde tem sido exibido, e tal consagração não deve passar desapercebida no Brasil. O cenário pode ser de duas décadas atrás no outro lado do mundo, mas o espelho funciona com exatidão diante o que vemos atualmente ao nosso redor. Com sentimentos verdadeiros que não escapam à uma reflexão mais profunda, este é um filme pequeno em suas ambições e gigante em seus feitos, que serve como ponta de um iceberg a ser desvendado e descoberto. Assim como o pequeno que aprende o respeito, o homem que encontra compaixão e a mulher que possibilita o recomeço, aqueles que se vão também estão mudados. Em ambos os lados da tela.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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