Crítica
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Sinopse
Irlanda, 1952. Philomena Lee é uma jovem mãe com um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, o dá para adoção. O menino é adotado por um casal norte-americano e ela perde contato. Muitos anos depois, Philomena parte em busca do filho, com a ajuda de Martin Sixsmith, um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do rapaz e criam um intenso laço de afetividade entre eles.
Crítica
Quem é Philomena e, mais importante, o que ela tem de especial que a difere de tantas outras garotas em situações semelhantes? A resposta é apenas uma: sua crença. E foi esta mesma fé, aquela capaz de mover montanhas, que fez deste pequeno filme uma das maiores revelações da atual temporada de premiações, colocando-o como finalista em quatro categorias no Oscar 2014, entre elas as disputadíssimas de Melhor Filme e Atriz – esta última, mérito da arrebatadora performance da sempre excelente Judi Dench. Mas Philomena é mais do que um trabalho bem feito: é, antes de mais nada, uma impressionante história de vida e um incrível exemplo de humanidade e perseverança.
Antes mesmo de completar 18 anos, Philomena Lee engravidou no seu primeiro e descuidado contato com um rapaz malandro o suficiente para conseguir dela o que queria. Como resultado, foi expulsa de casa e enviada a um convento. Estamos no interior da Irlanda do início dos anos 1950, época e local de fervorosa religiosidade e movido a muitos preconceitos e ignorância. Sem conseguir falar por si própria nem exigir seus direitos, a jovem vê com tristeza, porém resignação, seu pequeno Anthony ser dado para adoção e levado embora por uma família de norte-americanos antes mesmo de completar três anos de idade. Cinco décadas depois e sem conseguir manter por mais tempo esse passado apenas para si, ela acaba desabafando com a filha, fruto da nova vida que lutou para construir. E será a partir do momento em que finalmente decide se abrir sobre essa questão que o círculo caminhará para um reencontro.
Philomena quer saber do filho, aquele pelo qual por cinquenta anos esteve atrás, sem sucesso. Ao entrar em contato com o jornalista Martin Sixsmith, essa história ganha nova dimensão. Ele consegue convencer sua editora de que ali há algo mais do que um mero desencontro e abuso de poder. Tem-se em mãos um caso de repercussões internacionais e forte valor humano. Assim, acompanhado da protagonista, embarca rumo aos Estados Unidos para, enfim, descobrirem juntos o paradeiro do menino, hoje já um homem feito. Mas essa mulher vivida, que já passou por tanto e se confrontou com tudo, não quer apenas saber onde ela está; deseja mais. Precisa descobrir se foi feita a coisa certa tanto tempo atrás, se o rapaz teve ou não uma vida melhor longe dela, se sentiu sua falta, se alguma vez a distância que sempre os separou pesou para ele da mesma maneira que para ela. Uma decidida a não mais se envolver em conflitos, será a paz de espírito sua maior recompensa.
O grande vilão de Philomena é a Igreja Católica, e disso não há dúvidas. No entanto, estamos falando de um episódio fortemente baseado em fatos reais – o filme tem como fonte o livro-reportagem escrito por Sixsmith, que só se tornou possível após muitas entrevistas e investigações. Sendo assim, é difícil apontar com clareza o certo e o errado, o preto e o branco, pois, assim como quase tudo na vida, estes fatos são mais cinzas, intermediários. Todos tiveram suas razões para fazer o que fizeram, e ir contra ou não é uma questão muito pessoal e que levanta diversos questionamentos. Afinal, de que adianta tamanha indignação quando não há mais nada a ser feito? E qual o peso de um perdão quando aquele que errou simplesmente se recusa a admitir suas falhas?
Judi Dench é a grande estrela de Philomena e sua atuação, repleta de pequenos detalhes e idiossincrasias, a torna tão crível quanto identificável. Por mais que se duvide de suas reações ou se vá contra suas decisões, é impossível não entender seus porquês e, obviamente, torcer por sua felicidade. Steve Coogan, seu parceiro em cena e co-autor do roteiro, está sério e competente, enfrentando com vigor e respeito uma batalha que não há como vencer: por melhor que esteja, as atenções sempre estarão voltadas à protagonista. E Stephen Frears mais uma vez constrói um cinema elegante e inteligente, sem excessos nem volteios. Mas a razão maior aqui é oferecer uma necessária luz a um caso nada singular, tão absurdo quanto trágico, que merece ser visto com seriedade e cuidado para que não se repita. Afinal, é louvável oferecer a outra face, mas para tudo há um limite.
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Sua crítica foi a melhor que eu li. O filme foi o filme mais triste que eu vi em toda a minha vida. Qual o peso do perdão, etc é uma frase / meditação / constatação perfeita. Deve ser o preço da liberdade de quem perdoa. Foi o filme mais triste que eu vi na minha vida (que é longa, garanto).